- 19 de novembro de 2024
Brasília - Romero Jucá diz que entrou sem pagar nada no Frangonorte. Sérgio Ferreira diz que o negócio andava bem e dando lucro, porém, não explica por que então vendeu uma empresa que estava progredindo e repassou para Romero sem cobrar nada. Romero afirma que saiu do Frangonorte também sem nada, mas consta no documento de transferência que ele recebeu R$ 50 mil em 1996 quando deixou a empresa. Getúlio Cruz, economista, diz que o motivo do fracasso do Frangonorte foi a demora do Basa em liberar o empréstimo, porém, apenas 48 horas depois de assumirem em 20 de dezembro de 1995 a empresa, o banco liberou R$ 4,6 milhões em tempo recorde como comprovam certidões do Cartório de Boa Vista, da Junta Comercial de Boa Vista e de extratos de depósitos e retiradas do banco, isso em 22 de dezembro de 1995. O dinheiro foi sacado tão rápido como chegou, mas em que foi empregado ninguém sabe. Sabe-se por extratos que parte dele foi depositado no mesmo dia, em ato contínuo ao recebimento, na conta da empresa Agropecuária Pau-Rainha S/A a quantia de R$ 333.130,18; mais R$ 168.425,98 para pagamento de operação LDD-NP nº 361-6 de Getúlio Cruz. O negócio era para vender e exportar frangos regionais, mas os auditores do Basa descobriram que frangos da Chapecó e da Sadia camuflavam a aplicação do empréstimo, como conta no relatório do banco. Romero e Getúlio sabiam disso? Romero sai da reta afirmando que as sete fazendas inexistentes oferecidas como garantia ao Basa pertencem ao seu ex-sócio, Luiz Carlos Fernandes de Oliveira. Mas de acordo com o documento registrado em cartório de Boa Vista em 12 de agosto de 1996, Jucá e Getúlio Cruz, encaminharam as fazendas como garantia ao banco na qualidade de "fiadores e principais pagadores". O suposto dono das propriedades, Luiz Carlos Fernandes de Oliveira, aparece no documento apenas como "hipotecante interveniente" (terceiro, não devedor, que teve bem hipotecado em favor do devedor real). As fazendas surgiram num momento em que o banco, já alvo de um calote, pois acumulava várias parcelas da dívidas vencidas e não pagas, cobrava da Frangonorte a apresentação de bens mais expressivos para hipoteca, com o objetivo de equilibrar a relação dívida/garantias. Pelo Código Civil, o devedor pode apresentar bens de terceiros para hipoteca, mas segue sendo o responsável por essas garantias e pelo pagamento da dívida. Foi o que Jucá e Getúlio fizeram. Coincidências cercam os registros das tais propriedades. Foram feitos todos por Oliveira num único dia -1º de julho de 1996, apenas 42 dias antes do oferecimento das fazendas pela Frangonorte ao Banco da Amazônia. Getúlio diz que foi Romero que arrumou o novo sócio. Jucá diz foi Getúlio. E ninguém explica como um sujeito que nunca havia pisado em Roraima, com processos judiciais por dívidas não pagas - tanto que o Basa não o aceitou como novo devedor - vira dono do Frangonorte de Romero e Getúlio. Disso tudo, Sério Ferreira, Basa, Luiz Carlos Oliveira, Getúlio Cruz e Romero Jucá, quem para o amigo leitor está falando a verdade?