- 19 de novembro de 2024
BRASÍLIA - Bem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva andava mesmo precisando de um bom feriado. Não exatamente para descansar, mas para que o cidadão e a cidadã esquecessem um pouco o governo. O governo e os seus erros, diga-se. Nessas épocas de feriados prolongados, as pessoas lêem menos jornais e interessam-se menos por notícias. Deixam de acompanhar a rotina, praticamente diária, dos inacreditáveis erros cometidos por Lula e por seu governo. Uma reforma ministerial ficar na pauta do governo e da imprensa de outubro a março, sobrevivendo aos feriados de novembro, ao Natal, ao Ano Novo, ao Carnaval e ao recesso de janeiro, denota inexperiência e incapacidade de decidir. Falava-se isso dos ministros, agora fala-se do chefe deles, o presidente da República. Para Collor, o tempo "era o senhor da razão". Para Lula, tem sido o fator de desagregação. Ao demorar tanto para decidir -aliás, para não decidir-, ele conseguiu não agradar a ninguém e desagradar a muitos simultaneamente. De um lado, Lula deixou ministros que são aliados e até amigos fritando em praça pública durante todo esse tempo. De outro, deixou propagar feito erva daninha a ganância dos partidos aliados por ministérios e cargos federais. E não são quaisquer partidos. São PP, PL, PTB. A gente conhece bem a turma. Lula deveria conhecer melhor do que ninguém. Com isso, o presidente teve de recuar na reforma e parar para pensar (finalmente!). Mas está trocando seis por meia dúzia. Em vez de ceder às pressões desses três partidos, vai se render às do PMDB. Toda essa relutância pode gerar até um importante movimento na chapa da reeleição de 2006: em vez do PL de José Alencar, o vice poderá sair do PMDB. Se é que Lula vai conseguir a proeza de unir o partido. Difícil. Tudo isso sem uma só palavra, ou uma só reflexão sobre o que realmente interessa: e a competência (ou não) de toda essa gente que era, que é e que será ministeriável? É o de menos.