- 19 de novembro de 2024
Folha de S. Paulo Após participar de sua primeira reunião ministerial no Palácio do Planalto, o ministro Romero Jucá (PMDB-RR) disse ontem que vai "partir para cima de quem está roubando", defenderá "os mais humildes" e trabalhará para reduzir o déficit da Previdência, pois ele é a "desculpa para não aumentar o salário mínimo". Segundo Jucá, o déficit pode chegar a R$ 40 bilhões até o fim deste ano. Também houve a primeira mudança na pasta: o diretor-presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Carlos Bezerra, entregou sua carta de demissão anteontem à noite e já teve sua exoneração publicada no "Diário Oficial" da União. Peemedebista, Bezerra fora indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas ficou desgastado no cargo depois de surgirem denúncias de fraudes em licitações de microcomputadores e acessórios. Existe um inquérito civil público aberto contra Bezerra, que sempre negou qualquer irregularidade. Jucá também foi indicação de Renan. Ocupará interinamente a presidência do instituto o atual diretor de Orçamento, Finanças e Logística do INSS, Samir de Castro Hatem. Acumulará as duas funções. Engenheiro civil, Hatem está na diretoria desde maio de 2004. Já foi presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental e dirigiu a Agência de Desenvolvimento da Amazônia. Segundo Jucá, a possível mudança em outros cargos é analisada e pode ser anunciada até amanhã. "A questão não é ser peemedebista, mas ter capacidade técnica", disse. Também não descartou modificações nos Estados, afirmando que elas ocorrerão por necessidade do trabalho. Choque de gestão Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse esperar um choque de gestão e a redução do déficit da Previdência para que os recursos possam ser utilizados em investimentos. "A idéia é partir para cima de quem está roubando a Previdência. Vou defender os mais humildes, porque o déficit da Previdência é a desculpa para não aumentar o salário mínimo", disse Jucá, que foi sócio de uma empresa que deve hoje cerca de R$ 16 milhões ao Banco da Amazônia e também ao INSS. O ministro também tem uma dívida com a Procuradoria da Fazenda de cerca de R$ 53 mil, segundo ele produto de uma multa aplicada pela Justiça Eleitoral. Jucá esteve ontem no Congresso para cumprimentar seu suplente, o senador Wirlande da Luz (PMDB-RR). Jucá disse ainda que montará cronograma com as prioridades para os próximos anos e fará cruzamento de informações entre todos os bancos de dados.