Doador se diz feliz por ajudar
(Segundo o Inca, a chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de 1 em 100 mil; Edmundo Oliveira é um deles).
O policial militar Edmundo Oliveira Lima Jr., de 31 anos, afirma orgulhoso que a doação de medula óssea o fez perceber que uma vida é capaz de mudar o destino de muitas outras. Edmundo foi o primeiro doador do Estado a realizar o transplante de medula óssea. O procedimento foi realizado no Rio Grande do Norte, no Natal Hospital Center. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), a chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de 1 em 100 mil.
O policial conta que se cadastrou como doador de medula óssea, no Hemocentro de Roraima, em 2008 e quando foi avisado, em setembro, que suas características genéticas eram compatíveis com a de um receptor não hesitou. “Eu aceite na hora, me comovi ao saber que com a minha vida poderia ajudar alguém a continuar com a sua vida”, salienta. O procedimento foi realizado no dia 19 de novembro e segundo Lima Jr., todo o processo durou seis dias. “Comecei no dia 14 de novembro a tomar os medicamentos necessários até realizar o transplante”, disse.
O método utilizado para a doação foi através de aférese, que utiliza uma máquina específica para separar do sangue periférico (corrente sanguínea), as células tronco, necessárias para o transplante. Neste caso, o doador recebe um medicamento antes da doação (fator de crescimento), que estimula a medula óssea a liberar estas células para a corrente sanguínea.
Como o procedimento de doação é todo sigiloso, não tem como saber quem recebeu. Mas durante os procedimentos de preparo em Natal, ele soube da equipe que sua doação era para salvar a vida de um homem de Salvador, no estado da Bahia, que hoje tem 15 milhões de habitantes. “ Após dois anos do procedimento é que existe o aval para um contato, mas a iniciativa precisa partir do receptor”, reitera o policial.
Conforme o enfermeiro do Hemocentro de Roraima responsável pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), Wandeson Cruz de Sousa, em Roraima há 4 mil doadores cadastrados, o número ainda é muito pequeno. “Temos poucos doadores de medula comparado à doação de sangue que temos cerca 42 mil doadores cadastrados. Qualquer pessoa de 18 a 55 anos, que goze de boa saúde pode ser doador de medula óssea”, afirma.
Para se tornar doador é necessário preencher um formulário com dados pessoais e coletar uma amostra de sangue com 5 a 10ml para testes. Estes testes determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente. “Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado do Redome que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que estão necessitando de um transplante”, comenta.
Segundo o enfermeiro, para que haja a busca de doadores o médico responsável inscreve as informações do paciente, incluindo o resultado do exame de histocompatibilidade - HLA - (exame que identifica as características genéticas de cada indivíduo), no sistema do Rereme - Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea. Quando são identificados possíveis doadores compatíveis, a informação é logo transmitida ao médico. O doador é, então, convocado a realizar os testes confirmatórios, a avaliação clínica.