Manejo de tartarugas no rio Branco
A Femarh ( Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), Ibama ( Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), a Cipa ( Comando Independente de Polícia Ambiental) e a Polícia Civil do Estado de Roraima se reuniram para realizar ações de manejo da desova de quelônios, tartarugas da Amazônia, Podocnemis Expansa, Iaçás, Podocnemis sextubelata e tracajás Podocnemis Unifilis, na região do baixo Rio Branco.
A operação iniciou no dia 8 do mês passado e segue até o mês de março, quando nascer o último filhote de quelônio catalogado pelos funcionários das instituições responsáveis pela ação. O trabalho começou com a reunião das equipes técnicas e de segurança na sede do Icmbio ( Instituto Chico Mendes da Biodiversidade) na sede do município de Caracaraí. De lá partiram em voadeiras até a localidade de Santa Fé, local onde acontece o maior índice de nidificação destes animais. O tempo de viagem, usando motores de 40Hp dura cerca de 8 horas com paradas somente para abastecimento. No total, o consumo de combustível chega a 100 litros, ou seja, 4 abastecimentos durante o percurso.
A área de manejo estende-se da praia do veado, ao norte, e igarapé do Amajau, ao sul. No total são 114 quilômetros de área de manejo. Ao chegar no local escolhido para montar o acampamento as equipes quase surpreendem um grupo de caçadores de tartarugas que portavam capasacos, malhadores confeccionados para capturar tartarugas. Ao perceberem a aproximação das voadeiras, eles apagaram a fogueira em que cozinhavam e fugiram para a mata. A equipe de segurança armada da Cipa ( Companhia Independente de Polícia ambiental), Tenente Braga e o sargento Juceli adentraram à selva em perseguição, entretanto, a prioridade era a segurança dos integrantes da equipe de manejo, e isso foi feito.
Um mutum, dois capasacos, com cerca de 200 metros cada um e com 10 metros de altura, duas canoas, pertences pessoais, panelas e um telefone celular com imagens de tartarugas sendo assadas foram abandonados pelos tartarugueiros. Com exceção do telefone, o restante foi destruído e queimado pelas forças do governo.
Com o tempo exíguo para a construção do barracão de apoio, rancho, equipamentos, pertences pessoais dos integrantes das equipes foram colocados sobre lonas e as redes foram armadas em árvores, sob o céu amazônico, o esquema de segurança foi montado. Tudo certo na primeira noite, no entanto, a madrugada nos reservou um temporal. A zona de conforto relativo foi desmontada e se transformou em um corre. Ao final dormimos molhados, envelopados em lonas.
Ao amanhecer do dia seguinte a providência foi adentrar na selva a fim de cortar a madeira que seria utilizada na construção do barraco. O serviço tomou todo o dia 10 de novembro, um domingo.
No dia seguinte, dia 11 começou o trabalho de localização das covas de postura dos quelônios, que consiste de caminhada nas praias. Ao encontrar, confirma-se a existência dos ovos perfurando a praia no local onde o animal assoalhou. Lá a consistência da areia é mais fofa, então se numera comum bastão, com data e previsão de nascimento, que gira em torno de 50 a 60 dias. Todas as covas serão acompanhadas até o nascimento dos filhotes, que nesse caso, nascerão entre o dia 9 e 11 de janeiro.
Coordenada pelo chefe do Núcleo de Fauna do Ibama, Raimundo Pereira da Cruz, o grupo de manejo partiu para marcação e sinalização da praia do Fonseca, localizada no início, limite ao norte da área de manejo e desova de quelônios, a jusante da foz do rio Anauá.
Nas primeiras horas do dia seguinte descemos o Rio Branco rumo a praia do Araçá, limite sul da área de manejo, próximo ao igarapé Carimaú e geograficamente a cerca da linha do equador. Lá, na praia do Matá-matá foi localizada a primeira cova do setor sul.