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Indígenas e ribeirinhos

Serviço de radiofonia faz 700 atendimentos por mês e acaba isolamentos.


Radiofonia ajuda comunidades
 
Em funcionamento há 33 anos, o serviço de radiofonia do Departamento
Estadual de Engenharia de Telecomunicações (Detel) ajuda a tirar do
isolamento comunidades indígenas e ribeirinhas de todas as regiões de
Roraima. Os rádio-operadores recebem cerca de 700 chamados por mês dos
locais mais remotos, oferecendo atendimentos que vão desde o
acionamento de aeronaves para socorrer doentes até um simples recado
para um familiar.
 
Com 45 anos dedicados à radiocomunicação, o diretor da Divisão de
Engenharia e Manutenção do Detel, José Lavor, de 65 anos, conhece bem
as dificuldades e compensações dessa atividade. Suas primeiras
experiências ocorreram no Exército. Ele trabalhava numa central
sediada em Manaus e realizava manutenção nos sistemas de radiofonia de
quase todas as fronteiras amazônicas. “Nós saíamos de Manaus, íamos
para Porto Velho, Rio Branco, Pacaraima, Bonfim e Boa Vista”.
 
De acordo com o diretor, mesmo com as inovações tecnológicas, o
sistema continua a ser usado pelo Exército, aliado aos modernos
mecanismos de comunicação. “A radiofonia é um meio muito seguro de
comunicação. Os computadores são mais vulneráveis. Nosso sistema é
SSB, se alguém captar a mensagem não vai entender nada. Só vai
decodificar quem tiver um aparelho igual”, ressalta José Lavor.
 
Não é, porém, o sigilo, mas a necessidade de se conectar com
autoridades, para solicitar ajuda, ou com parentes, para saber
notícias, que leva pessoas das 54 comunidades atendidas pelas centrais
de radiofonia a usar o serviço. Da Seção de Operação de
Radiocomunicação, os técnicos mediam contatos entre usuários dos
locais mais remotos.
 
Da Serra do Sol, em Uiramutã, até Santa Maria do Boiaçu, na região do
baixo rio Branco, município de Rorainópolis, com prevalência das
comunidades indígenas, as localidades são atendidas não apenas com o
serviço de comunicação, mas com equipamentos e manutenção, pela
Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinf), por meio do Detel.
 
Segundo José Lavor, as solicitações são feitas por ofício. “Se alguma
comunidade de Uiramutã, por exemplo, precisa do equipamento para usar
a radiofonia, reivindica junto ao secretário do Índio, que envia
ofício ao secretário de Infraestrutura, solicitando o atendimento. O
secretário então informa sobre o pedido ao Detel, que se encarrega de
atender”, explica. “As comunidades indígenas agora é que estão se tornando visíveis para a sociedade, por isso damos uma atenção muito grande para elas. Se os índios forem falar com alguém para resolver esses problemas, ninguém resolve. Aqui eles têm todo apoio”, destaca José Lavor.
 
A Secretaria de Infraestrutura fornece estações formadas por painel
solar, sistema de controle, bateria alimentada por energia solar e o
rádio, que é ligado direto na bateria, além do serviço de manutenção.
Equipes do Detel viajam para todos os locais atendidos com a
finalidade de fazer revisão ou consertos e os usuários também trazem
os equipamentos para o Laboratório do Detel fazer reparos.
 
Cerca de 60% das estações utilizam energia solar, o que é um avanço
importante, porque são economicamente viáveis e sustentáveis. Outro
progresso apontado por José Lavor é o sistema Fonepet utilizado
atualmente. Por meio dele, é possível fazer os contatos entre as
pessoas que estão nas centrais de radiofonia, com a transferência
direta da chamada para o telefone das pessoas com quem elas desejam
falar.
 
Por meio desse sistema, ocorre o acionamento de autoridades para
solicitação dos serviços de saúde, de segurança pública, informar
sobre acidentes, mortes, situação de pontes e de estradas; além do
contato com parentes ou amigos para enviar ou pedir notícias.
De acordo com José Lavor, o Detel aguarda a chegada de novas centrais.
 
Ele ressalta que o pedido dos equipamentos já foi feito. Serão
adquiridas estações modernas, modelos nos quais podem ser incorporados
teclados para envio de mensagens de texto.

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