Culinária Mundial

Acarajé não surgiu na Bahia, diz chef britânico James Winter.

Por Edersen Lima,
15 de novembro de 2013
em Opinião Formada

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Acarajé veio da Babilônia

Por que a pizza é chamada de Margherita? Porque o drinque Martini, célebre nos filmes do agente britânico James Bond, tem esse nome? Por que as ostras são à Rockefeller? A feijoada como a conhecemos hoje surgiu quando? Para responder a fundo alguns porquês da gastronomia e as histórias sobre como as comidas, sobremesas e bebidas foram batizadas, o chef de cozinha britânico James Winter escreveu o livro "Quem Colocou o Filé no Wellington?", (Ed. Melhoramentos, 192 páginas), onde ele lista 50 receitas consagradas da culinária mundial.Segundo o cef Winter, o acarajé, famoso bolinho de arroz da adorado pelos baianos, não veio da Bahia; veio da Babilônia no século VII.

No livro, o leitor vai encontrar nomes de rainhas da Itália e deusas romanas, príncipes russos e imperadores franceses. Além das origens dos pratos e bebidas, são destacadas curiosidades que ajudaram na sua popularização. O ator de Hollywood Clark Gable, por exemplo, era fã da Salada César. Já a atriz Ethel Barrymore, outra estrela do cinema, usava a Torrada Melba como parte da sua dieta. E o que dizer de Napoleão Bonaparte, que, após vencer uma batalha, pedia um Frango Marengo?

Winter é apresentador do "Saturday Kitchen", um tradicional programa da BBC, de Londres, onde ele cozinha junto com outros chefs e celebridades. E entre as 50 receitas contempladas, há dois pratos brasileiros, a feijoada e o acarajé. A feijoada como a conhecemos hoje, com arroz, couve, farofa, torresmo e laranja, foi uma criação do restaurante G. Lobo, fundado no fim do século XIX no Rio de Janeiro. Chamada de feijoada completa, a partir dali ela se expandiu para outras cidades e estados brasileiros, sempre tendo por base o feijão preto.

Winter conta que muitos dos inventores dos pratos foram perdidos no tempo e que detalhes divertidos aparecem aqui e ali, mas, no final, os registros são muito vagos. "Eu tentei unir esses pontos de alguma maneira, usando os melhores dados que pude encontrar, mas, como em todas as boas histórias, há tantas variações e interpretações que tenho certeza de que alguns irão discordar das minhas versões dos fatos", explica o chef britânico no livro.

Acarajé

O acarajé, o mais famoso bolinho feito de feijão-fradinho triturado, temperado com cebola e sal e frito no azeite de dendê, tem registros muito antigos. Na Babilônia, já se fazia esse s bolinhos de massa vegetal. Levado pelos árabes para a África, no século VIII, veio parar no Brasil, e hoje é o mais procurado nos tabuleiros da Bahia. Por ser uma comida de ritual religioso, apenas os filhos de santo podem preparar o acarajé e sua receita não pode sofrer qualquer modificação. O nome é proveniente da língua africana iorubá, que uniu akará (bola de fogo) + je (comer), ou seja, "comer bola de fogo".