UFRR vê wapichanas da Guyana
Professores da Universidade Federal de Roraima estiveram neste final de semana na comunidade indígena Aishalton, na República Cooperativista da Guyana, para fazer palestras acadêmicas, oficinas culturais e apresentar os programas de graduação da instituição voltados para estrangeiros. Também foram visitados sítios arqueológicos com inscrições rupestres.
Aishalton fica a 305 km de Boa Vista, na região sul do Rupununi, e sua população é formada majoritariamente por indígenas da etnia Wapichana. Muitos têm familiares em Boa Vista e alguns já viveram em outras regiões de Roraima. Todos falam inglês e a língua nativa.
O convite para os trabalhos partiu da comunidade, que se mobilizou para recepcionar a equipe e fez apresentações de danças e cantos indígenas e indianos. Segundo o jesuíta Medino Abrahan, o encontro serviu para fomentar o intercâmbio mútuo de conhecimentos entre os dois países e fortalecer os laços de amizade entre Aishalton e a UFRR, primeira universidade do Brasil a enviar uma comitiva técnica e científica para visitar a região.
As palestras foram proferidas pelos professores Reginaldo Gomes, vice-reitor da UFRR, e Maria Odileiz Souza Cruz, diretora de Pós-graduação da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. O professor Márcio Akira e acadêmico de Agronomia Adilson Júnior ministraram uma oficina de capoeira.
Cerca de 200 pessoas participaram das atividades, realizadas no sábado (9). O professor Reginaldo Gomes fez uma palestra intitulada ‘A Amazônia caribenha: dos caminhos históricos aos processos culturais`, na qual aborda questões sobre a ocupação da região pelas colônias europeias e os impactos dos acordos políticos na ocupação e atual formação geopolítica da região. Uma publicação do professor sobre o tema pode ser conferida neste link, com mapas históricos da ocupação da região: http://bit.ly/1bkdhG7.
A professora Maria Odileiz falou sobre as ‘Trajetórias históricas e culturais na região das antigas Guianas’, abordando as dinâmicas culturais e sociais do planalto das Guianas e destacando as contribuições das línguas indígenas para a botânica e outras ciências. Também apresentou as diversas formas de acesso que a UFRR oferece para estrangeiros: o PEC-G, para alunos de 18 a 25 anos, e o vestibular comum. Atualmente, a universidade tem oito alunos vindos de diferentes países.
Além disso, respondendo a perguntas do público, a professora apresentou o exame Celpe-Bras, que oferece exames de proficiência em língua portuguesa, e o programa de PLE (Português para Estrangeiro), coordenados pelo Núcleo de Estudos de Línguas Estrangeiras (Nucele).
Para o vice-reitor Reginaldo Gomes, estes intercâmbios fortalecem os laços entre os países e possibilitam que a UFRR expanda suas ações de internacionalização e receba novos alunos. “As palestras serviram para dar o povo de Aishalton uma mostra das pesquisas que realizamos na universidade para ajudar a entender o contexto da formação de nossa região”, afirmou.
CAPOEIRA
Na segunda parte das atividades, Márcio Akira e Odilon Júnior ministraram uma oficina de capoeira para a comunidade, mostrando os toques de berimbau, a harmonia dos instrumentos de percussão e os cantos. Também houve uma parte prática, com o professor Akira repassando técnicas básicas de movimentação e jogo. Após isso, houve uma roda de jogo e música com os participantes.
Em maio deste ano, uma equipe da UFRR visitou a vila de São Ignácio, vizinha à cidade de Lethen, e apresentou as ações de internacionalização desenvolvidas pela instituição.