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O HOMEM DO POSTO - Crônica do Aroldo Pinheiro
Filho único de família abastada, Maurício Steinbruck de Oliveira teve infância e adolescência invejáveis: estudou em colégios de primeira linha, freqüentou bons ambientes e, com gorda mesada, levava vida de rei. Com a morte do pai e sua vocação para gastar sem nada produzir, começou a desfazer-se de bens para poder sustentar suas farras: vendeu todo o gado, as propriedades rurais, os imóveis urbanos e, no fim, restou-lhe um enorme terreno em avenida de grande movimento.

Filho único de família abastada, Maurício Steinbruck de Oliveira teve infância e adolescência invejáveis: estudou em colégios de primeira linha, freqüentou bons ambientes e, com gorda mesada, levava vida de rei. Com a morte do pai e sua vocação para gastar sem nada produzir, começou a desfazer-se de bens para poder sustentar suas farras: vendeu todo o gado, as propriedades rurais, os imóveis urbanos e, no fim, restou-lhe um enorme terreno em avenida de grande movimento. Decidiu que era hora de começar a trabalhar. Sua vida, então, era totalmente diferente dos dias de glória: devia em bares, restaurantes, farmácias supermercados, puteiros...; seus cartões de crédito, há muito tinham sido cancelados; as contas bancárias, outrora com gordas aplicações, tinham sido encerradas. Maurício virou uma ilha: "cercado de credores por todos os lados". Naquele terreno, o jovem Steinbruck de Oliveira decidiu implantar um posto de combustíveis. Com corajosos agiotas conseguiu levantar algum dinheiro e deu início à execução do projeto: conseguiu licença ambiental, atestado de viabilidade, fez inscrição nos cadastros Estadual, Municipal, e CNPJ. (Maurício, até então, só tinha seu nome e CPF inscritos no SPC, SERASA, CCEF e qualquer outro órgão onde os inadimplentes são registrados). O capital inicial foi consumido na construção e legalização do empreendimento; faltava dinheiro para adquirir a mercadoria. Maurício deslocou-se até a distribuidora a fim de negociar a primeira compra; a prazo, naturalmente. Lá, preencheu extensa ficha de cadastral e foi instruído pelo gerente que aguardasse, pois as informações tinham que ser confirmadas. Um funcionário da companhia ligou para a filial onde o posto de Maurício seria instalado e travou a seguinte conversa com seu gerente: "- Temos aqui um rapaz muito bem apessoado daí da sua cidade: Maurício Steinbruck de Oliveira... Ele está montando um posto de revenda e pleiteia comprar a prazo a primeira remessa de combustíveis e lubrificantes... Você o conhece?" "- Claro..., Todo mundo por aqui conhece o Mauricinho..." "- Na sua ficha, consta que ele tem diversos postos aí no Estado... Que ele tem posto nas cidades de Caracaraí, Mucajaí, Alto Alegre e Pacaraima... O senhor confirma a informação?" "- Olha, mano... Sei não... Por aqui, o Mauricinho, tem posto é na bunda de muita gente..." e-mail:[email protected]
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