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PF investiga presidente do TRE por desvio
O inquérito referente à Operação Pretorium, realizada pela Polícia Federal de Roraima, vai listar uma série de acusações contra o presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado, desembargador Mauro Campello, por envolvimento em um suposto esquema de desvio de verba pública do tribunal. Segundo o superintendente da Polícia Federal no Estado, José Francisco Mallmann, o relatório das investigações, com acusações contra o desembargador, estará concluído na próxima segunda-feira.

SILVIO NAVARRO KÁTIA BRASIL O inquérito referente à Operação Pretorium, realizada pela Polícia Federal de Roraima, vai listar uma série de acusações contra o presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado, desembargador Mauro Campello, por envolvimento em um suposto esquema de desvio de verba pública do tribunal. Segundo o superintendente da Polícia Federal no Estado, José Francisco Mallmann, o relatório das investigações, com acusações contra o desembargador, estará concluído na próxima segunda-feira e será enviado ao juiz da 1ª Vara Federal de Roraima, Helder Girão Ferreira. Como Campello tem foro privilegiado, o juiz deverá repassar o inquérito ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que é a corte responsável por investigar delitos contra magistrados. No próximo dia 17, Campello assumirá a presidência do TJ (Tribunal de Justiça) do Estado. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Roraima informou que a Procuradoria Geral de Justiça do Estado tentará impedir a posse por meio de ação no STJ. A operação realizada pela PF prendeu anteontem a mulher do desembargador, Larissa de Paula Campello, e a sogra, Clementina de Paula. As duas são acusadas de receberem parte dos salários de funcionários comissionados (cargos de confiança) do tribunal. Em depoimento à PF, Larissa negou as acusações. Clementina, segundo a PF, admitiu receber o dinheiro e foi libertada. As investigações da PF, realizadas a pedido do Ministério Público Federal, começaram há cinco meses com base no relatório de gestão do TRE-RR. O esquema de repasse de salários foi denunciado por dois servidores do tribunal --incluídos no Programa de Proteção às Testemunhas. As investigações contaram com escutas, autorizadas pela Justiça, nos telefones da mulher e da sogra de Campello. Outros cinco funcionários do tribunal foram presos, acusados de integrarem um esquema de desvio de recursos por meio de pagamento de horas extras indevidas e diárias de viagens. Campello montou uma equipe de três advogados, um de Brasília e dois de Boa Vista, para atuar na defesa da mulher. Ontem, reclamou não ter acesso ao inquérito e acusou os delegados da PF de conduzirem os depoimentos e de coagirem sua mulher e a sogra. "Ela [sogra] foi acordada pela Polícia Federal às 7h, foi algemada e levada para a PF. Lá, foi ouvida sem a presença de advogado e, pelo que ela me contou, a delegada conduziu o depoimento. Dizia que ela seria solta se denunciasse, se confirmasse, se dissesse isso ou aquilo", disse Campello. O desembargador, que nega estar envolvido no suposto esquema, afirmou ainda que a sogra "quer se retratar no sentido que foi coagida ao depor". O superintendente da PF rechaçou as acusações. "Tivemos todo o cuidado com ela [Clementina], que foi ouvida por uma delegada. Foi dito a ela que, se colaborasse, receberia a liberdade. É um procedimento normal para todos que colaboram com a Justiça." Entidade critica ação em Roraima O Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais divulgou uma nota, ontem, na qual critica a condução da Operação Pretorium, realizada pela Polícia Federal de Roraima a pedido do Ministério Público Federal. A nota, assinada pelo presidente da entidade, desembargador Gilberto Pinheiro, que preside o TRE do Amapá, afirma que a ação da PF "transformou o Estado democrático de direito em Estado ditatorial". O texto afirma ainda que a operação "revela incompetência administrativa e subserviência" e que "outras providências serão tomadas visando a restauração moral do magistrado (Mauro Campello, presidente do TRE-RR)". A entidade de magistrados afirmou que a polícia não tinha respaldo legal para efetuar buscas e apreensões no prédio do tribunal. O superintendente da PF em Roraima, José Francisco Mallmann, rebateu as críticas afirmando que "a polícia agiu em restrito cumprimento do dever legal, atendendo a uma determinação da Justiça Federal de forma isenta e imparcial". "Até o presente momento não temos nenhuma representação contra a conduta dos nossos policiais federais durante a operação", completou.
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