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TESTEMUNHAS SILENCIOSAS - Crônica do Aroldo Pinheiro
Telefonema anônimo recebido pelo 0800 da Secretaria de Segurança informava sobre um corpo jogado na Praia Grande, Região do Baixo Rio Branco. O Delegado Geral de Homicídios escalou uma equipe e enviou-a ao local para investigações preliminares tendo o detetive Johnatan Kennedy Gualberto Vieira - conhecido por "Porongo", recém empossado naquela especializada, como coordenador dos trabalhos. LEIA, na íntegra, o relatório apresentado pelo nosso "Sherlock".

Telefonema anônimo recebido pelo 0800 da Secretaria de Segurança informava sobre um corpo jogado na Praia Grande, Região do Baixo Rio Branco. O Delegado Geral de Homicídios escalou uma equipe e enviou-a ao local para investigações preliminares tendo o detetive Johnatan Kennedy Gualberto Vieira - conhecido por "Porongo", recém empossado naquela especializada, como coordenador dos trabalhos. Abaixo, na íntegra, o relatório apresentado pelo nosso "Sherlock". Nome: Johnathan Kennedy Gualberto Vieira Cargo: Agente Especial de Investigação da Secretaria de Segurança Pública Matrícula: 569/SSP-RR/02/24 Data: 03/11/03 RELATÓRIO Designado que fui pelo Ilustríssimo Senhor Delegado Geral de Homicídios, Doutor Alberto Cangula, para cumprir missão investigativa de morte na Praia Grande, região do Baixo Rio Branco, coloquei no coldre o revólver que me é acautelado, convoquei os auxiliares José de Ribamar Oriol Sampaio, Raimundo Nonato de Calabar, e José de Arimatéia Orismundo e, acomodados na viatura 03, conduzida por Josenildo Cabral, nos dirigimos ao Porto da Fluvial onde embarcamos em tosca canoa pilotada pelo cidadão que se identificou como Zé da Cobra Pequena. Ao nos aproximarmos da Praia Grande, chamou-nos a atenção a quantidade de urubus sobrevoando determinado local que se tornou indicativo de onde se encontrava o corpo da vítima fatal. Às 14:31 localizamos o cadáver que já se encontrava morto e em avançado estado de putrefação; quer dizer: podre. Este, caído de bruços, trajava abadá estampado em azul e amarelo do Bloco Tô Contigo, bermuda tipo surfista, quadriculada em verde e preto e tênis da marca Olympikus na cor marrom, tudo em ridícula descombinação. Nada que o identificasse foi encontrado. O defunto ostentava profunda perfuração na nuca que, presumo, provocada por tiro de arma de fogo dado covardemente pelas costas. Recolhemos o decúbito em saco plástico e o acomodamos na viatura fluvial sem que o mesmo oferecesse resistência. Estabelecemos raio numa faixa etária de cem metros a partir do corpo e saímos à cata de itens que ajudassem a desvendar a morte daquele defunto, porém nada encontramos. Não nos deparamos com nenhuma evidência e nenhuma testemunha a não ser alguns quelônios em desova que, inquiridos, embora supostamente a tudo tenham assistido, nada responderam; limitaram-se a nos virar as costas e rapidamente adentraram nas águas do rio. Transladamos o corpo para a cidade que, após acomodado confortavelmente no rabecão 01/IML, foi transportado até a pedra daquela repartição e entregue ao funcionário de plantão às 19:27, conforme documento anexo, onde se encontra para procedimentos e visitação pública. Penso, de antemão, ser impossível tomar depoimento da vítima. Sendo o que tinha a relatar, eu, Johnathan Kennedy Gualberto Vieira, dentro da realidade dos fatos, assino o presente documento. Boa Vista, 11 de novembro de 2003 Johnathan Kennedy Gualberto Vieira Detetive Agente Especial da Secretaria de Segurança Pública -------------------------------------------- e-mail: [email protected]
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