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X da Questão - Eliakin Rufino Aroldo Pinheiro

Pesquisa do Fontebrasil aponta que 82% dos entrevistados acreditam que telefones fixos e celulares em grande escala estão grampeados em Roraima. O assunto foi abordado pelo poeta Eliakin Rufino e pelo escritor Aroldo Pinheiro, neste X da Questão:

Vive-se mesmo essa síndrome de grampos telefônicos em Boa Vista? ELIAKIN: Grampear telefones no Brasil, infelizmente, sempre foi uma prática rotineira. Autoridades e simples cidadãos têm suas privacidades invadidas, seus direitos individuais cassados, sua vida devassada, suas conversas particulares e familiares violentadas pela escuta criminosa, nojenta, abusiva, impune, zombeteira. AROLDO: O grampo telefônico legal - autorizado judicialmente - tem sido usado e muito divulgado nas diversas operações da Polícia Federal. Pessoas inescrupulosas, participantes de negociatas, corrupção e outras ilegalidades estão muito preocupadas com a escuta. Em campanhas políticas recentes fomos brindados por rádio, televisão, jornais, panfletos e disse-me-disse com gravações muito cabeludas. Em Boa Vista existe, atualmente, a síndrome de grampos telefônicos; esta, porém, não extrapola o meio de pessoas que têm o rabo preso em falcatruas e/ou jogos de interesses. Se existem grampos, qual o principal ou principais motivos da arapongagem? AROLDO: Há pouco tempo a arapongagem era comandada por pessoas que deviam zelar pela segurança dos cidadãos. Sabemos de gravações ilegais que acabaram amizades, grupos políticos e casamentos. Encarregados deste tipo de espionagem tiraram muito proveito ameaçando, extorquindo e vendendo produtos de seus trabalhos. A escuta telefônica é movida pelos mais variados interesses; todos eles condenáveis num regime democrático. ELIAKIN: Nenhum motivo justificaria a escuta criminosa. O grampo telefônico é uma maneira de semear o medo, o pânico, a paranóia. Grampear telefone é o bigue broder tupiniquim! qual o conselho a se dar para quem tem o seu telefone grampeado? Nenhum motivo justificaria a escuta criminosa. O grampo telefônico é uma maneira de semear o medo, o pânico, a paranóia. Grampear telefone é o bigue broder tupiniquim! Qual o conselho a se dar para quem tem o seu telefone grampeado? AROLDO: Conheço pessoas que afirmam ter seus telefones grampeados. Alguns, tão apavorados, trocam celulares periodicamente e falam o estritamente necessário através das linhas telefônicas. Se você se acha grampeado, resolva pessoalmente os seus assuntos mais sérios; evite o invento de Graham Bell. ELIAKIN: Não use o telefone. Não fale ao telefone. Não atenda o telefone. Não se aproxime do telefone. Não olhe para o telefone. Não toque no telefone. Não ouça o telefone. Não pense no telefone. Esqueça essa história de telefone e cante com Caetano "ódio a Grahm Bell e a telefonia..." E você, acha que está grampeado ou pelo menos desconfia que alguém esteja? ELIAKIN: Se eu "achar" que estou grampado eu confirmo e legitimo e aceito essa covardia, essa infâmia. Espero que não esteja. Sou um homem pobre. Sou um professor. Sou um artista. Sou um homem de palavra. Sou um homem que trabalha com palavras: não posso calar ao telefone com medo de uma escuta hedionda que desrespeita os meus direitos fundamentais. Não posso silenciar diante dos meus amigos, dos meus fãs, dos meus admiradores, dos jornalistas, dos desconhecidos que me ligam. Espero que ninguém abra mão de uma das nossas últimas liberdades: a liberdade de falar ao telefone! AROLDO: Não tenho essa preocupação. Trato de qualquer assunto via telefone, sem nunca pensar em escuta; por outro lado conheço pessoas que, sem sombra de dúvidas, têm seus telefones grampeados.
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