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Uma fronteira sem caráter - * J. R. Rodrigues
Há vários significados para a frase acima, um deles é formado pelo conjunto de atitudes covardes, omissão, prevaricação, descaso, pouco caso, falta de patriotismo, desrespeito, etc. das autoridades brasileiras em relação ao tratamento recebido por brasileiros por parte de outras autoridades em várias partes do mundo.

Há vários significados para a frase acima, um deles é formado pelo conjunto de atitudes covardes, omissão, prevaricação, descaso, pouco caso, falta de patriotismo, desrespeito, etc. das autoridades brasileiras em relação ao tratamento recebido por brasileiros por parte de outras autoridades em várias partes do mundo. Numa única ocasião em que o Brasil tentou se impor dificultando a permanência de estrangeiros, os próprios brasileiros acharam que a atitude é ridícula. Havemos de entender o papel do Itamaraty, que por natureza tem comportamentos covardes (alguns chamam de diplomáticos) por que diplomata não trata só dos interesses dos cidadãos, mas também dos interesses culturais e principalmente comerciais. Isso faz com que haja o que chamamos de corpo mole, quando é para proteger algum brasileiro no exterior, na condição de vítima ou de agressor. Apenas quando são casos de grande repercussão é que os diplomatas brasileiros agem, neste caso, empurrados pela opinião pública, por algum parente de vítima famoso, etc. O tratamento que o Itamaraty dá aos brasileiros endinheirados na Europa e Estados é diferente, afinal esse filé é formado pela própria elite nacional que desfruta desta relação, quase sempre transferindo as riquezas do país para estas nações e se empanturrando em banquetes promovidos pelos gordos diplomatas e suas esposas chiques. Os problemas maiores ocorrem nos confins do mundo para onde os olhos da imprensa nacional estão fechados, onde existem escravas sexuais, trabalhadores escravos, só para não citar aqueles que são assassinados e vítimas de todos os tipos de exploração. O Brasil não dispõe de uma política para socorrer estes brasileiros, para trazê-los de volta antes de serem assassinados, estes brasileiros são uns sem pátria, por que a falta de oportunidade aqui fez com que eles procurasse qualquer grande país ou mesmo uma republiqueta sulamericana para tentar sobreviver com mais dignidade. Os brasileiros são vítimas em todas as partes do mundo por que o Governo Federal está mais interessado em aumentar as exportações do que em proteger seus cidadãos espalhados pelo mundo. Nossos diplomatas se fartam em banquetes diários, enquanto seus concidadãos são extorquidos, ameaçados e humilhados numa rua próxima das embaixadas ou consulados. O complexo de inferioridade faz com que as autoridades diplomáticas brasileiras queiram esquecer suas origens quando chegam nas capitais e grandes cidades municipais, brasileiros humildes, trabalhadores que se virem. Isso não é um exagero e aqui mesmo em Roraima, todos os santos dias ouvimos alguma história de humilhação, ameaça, extorsão, isso vale tanto para a extorsão promovida por maus venezuelanos da guarda nacional, que não honram a farda nem a tradição e que não se preocupam com o que as autoridades chamam de boas relações fronteiriças. Por outro lado, Roraima, que tem sofrido com estas agressões, nunca conheceu uma reação, em outros estados viraria prioridade e uniria comissões de direitos humanos da câmara de vereadores, assembléia, OAB; ministério público; poder judiciário, entidades empresariais e industriais, etc. Isso não ocorre por que somos covardes e deixamos que um caso isolado, ao não ser punido exemplarmente, torne-se a regra, todos conhecem histórias de extorsão praticada por militares venezuelanos e até histórias cabeludas de que os comandantes são os chefes das quadrilhas e que no final do "expediente" vão para os sítios nos arredores de Santa Elena comemorar o sucessos nos crimes cometidos naquele dia. É evidente que isso não é a regra, mas é uma exceção que está se tornando cada vez mais comum. Anotem aí, nas próximas horas vai acontecer alguma grande titica, vai tombar um corpo ou corpos de brasileiros ou venezuelanos, neste momento vai aparecer autoridades de tudo quanto é lado reclamando de abusos, sugerindo soluções, etc. Já está mais do que na hora brasileiros e venezuelanos do bem - e não os bandidos e picaretas - se unirem num mutirão em defesa de - reais - boas relações, punindo os maus servidores dos dois lados ou então fechar de vez as fronteiras. Ninguém mais se sente seguro em seguir até Puerto Ordaz, Caracas, Margarita, etc. dias atrás militares venezuelanos colocaram armas na cabeça de criança de dois anos e depois de uma "intervenção" de autoridades de Roraima, a situação ainda está longe de ser esclarecida. As alcabalas, que deveriam ser aprazíveis locais de confraternização entre sulamericanos irmãos, onde brasileiros pudessem pegar folders com informações turísticas, etc. e até mesmo onde carros e bagagens pudessem ser revistados em busca de armas e drogas - por que não? - são campos de concentração, locais de torturas, palcos de extorsão, onde venezuelanos extorquem brasileiros e fazem gracinhas indecorosas com esposas e filhas de brasileiros. O problema na fronteira Brasil - Venezuela é a falta de caráter, uma marca visível dos dois povos. Ficar de braços cruzados, sem fazer nada é pior ainda. Talvez fosse o caso de autoridades brasileiras e venezuelanas se unirem e darem um basta no clima de "bandidagem oficial". O primeiro passo é punir os bandidos travestidos de policiais ou servidores públicos que destroem o que poderia ser - de fato - uma fronteira amiga. *Jornalista
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