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O grande quesbra-cabeça amazônico - Por Suely Campos
A questão das terras indígenas em Roraima é apenas uma peça a mais no grande quebra-cabeça que envolve a Amazônia. É inegável que o interesse explícito de alguns setores, que hoje defendem uma homologação da reserva Raposa/Serra do Sol de forma contínua, não é defender os índios, mas sim a riqueza mineral alojada no subsolo das terras onde estão.

A questão das terras indígenas em Roraima é apenas uma peça a mais no grande quebra-cabeça que envolve a Amazônia. É inegável que o interesse explícito de alguns setores, que hoje defendem uma homologação da reserva Raposa/Serra do Sol de forma contínua, não é defender os índios, mas sim a riqueza mineral alojada no subsolo das terras onde estão. Na infância e adolescência freqüentei, em Boa Vista, escolas ministradas por padres, eu nas décadas de 40, 50 e 60 tinham suas ações voltadas para a pregação do evangelho, para a assistência social e o ensino. Ensino este que não devia nada aos grandes centros, pois o aluno que aqui cursava o segundo grau migrava para outros estados para prestar vestibular, já que aqui não havia universidades, eram aprovados com boas notas. Ao consultar o portal da Amazônia, podemos constatar que a igreja permaneceu pregando o evangelho e prestando assistência social até meados da década de 70m mas a partir da chamada Telologia da Libertação, ela passou a exercer opção somente pelos indígenas. Nessa situação, passou a ser contra ocupação de terras devolutas para criação de gado, incentivando os índios a reivindicarem terras como sendo suas. Antes dessa orientação, e durante séculos, igreja, fazendeiros e índios eram cúmplices do que se refere à ocupação das terras de Roraima. Esquecem os que querem hoje a homologação da RSS de forma única que os fazendeiros adécadas atrás, ao chegarem ao então território de Roraima encontravam as chamadas terras devolutas, ou seja, terras desocupadas e desabitadas, e as ocupavam. Naquela época o pais não tinha uma definição legal e clara sobre o assunto e nem uma política de proteção dos índios. Por outro lado, os fazendeiros não tinham a preocupação de solicitar o chamado título definitivo dessas terras. Dessa maneira, a indefinição chegou aos nossos dias. Atualmente, como na Europa de ontem, há uma disputa muito acirrada, palmo a palmo, maloca a maloca, entre padres católicos, pastores protestantes, ONGs e missionários americanos, sob diversas e variadas denominações. Eles espalhados pelo interior de Roraima catequizando índios. Uma outra grande coincidência -e que este interesse foi despertado depois de 1972, quando o Projeto Radan revelou o grande potencial mineral das terras de Roraima. Hoje, como ontem, luso-brasileiros, miscigenados com índios e negros, continuam atrás do pé do boi, do queijo, da carne assada, da paçoca, do chibé e do beiju, enquanto os imperialistas orientam os índios para reivindicarem suas terras com o seu subsolo riquíssimo em minerais, muitos deles estratégicos.
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