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X DA QUESTÃO - Eliakin Rufino e Aroldo Pinheiro

Relações homossexuais abordadas em horário nobre em tom sério ou de humor nas novelas brasileiras já não causam mais espanto. Pelo contrário, o ibope dos capítulos onde o romance homossexual explode sempre é um dos mais altos. Questão de herança, casamentos e agora, adoção de crianças por casais gays já foram e estão sendo debatidos. Esse é o assunto deste X da Questão que o poeta Eliakin Rufino e o escritor Aroldo Pinheiro, opinam.

Relações homossexuais abordadas em horário nobre em tom sério ou de humor nas novelas brasileiras já não causam mais espanto. Pelo contrário, o ibope dos capítulos onde o romance homossexual explode sempre é um dos mais altos. Questão de herança, casamentos e agora, adoção de crianças por casais gays já foram e estão sendo debatidos. Esse é o assunto deste X da Questão que o poeta Eliakin Rufino e o escritor Aroldo Pinheiro, opinam. FB:O assunto volta e meia ganha as páginas de jornais, revistas e as telas de TV. O casamento entre pessoas do mesmo sexo. Pra você se trata de uma necessidade que legalize relações ou frescura? ELIAKIN: Não é uma necessidade porque há pessoas que não se casam legalmente e vivem bem e são felizes. Também não é frescura porque todos têm o direito de se casar, inclusive quem é gay. E há também a questão da herança e da partilha de bens em caso de separação. Sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. AROLDO: Apesar de o Código Civil Brasileiro não reconhecer a união homossexual, há jurisprudência dando direitos como: divisão de bens, recebimento de heranças, pensão, etc. A legislação de vários países já regulamenta e facilita a união civil entre gays, ainda que rejeitada por algumas igrejas. Porque não legitimar a convivência entre pessoas do mesmo sexo? Não vejo a legalização como frescura, mas como necessidade. FB: Já virou rotina nas novelas da Globo surgir um casalzinho gay. Agora, a novela Senhora do Destino vai abordar a questão da adoção de criança. Duas questões: O papel da TV nos casos de expor a relação homossexual tem mais pra positivo ou negativo para a sociedade? Outra, como vocês avaliam a adoção de uma criança por um casal gay? AROLDO: Negar o homossexualismo, seria negar a própria humanidade. Esse tipo de relacionamento existe "desde que Adão era cadete". O que é o homossexualismo? Doença, aberração, desvio de conduta ou algo que faz parte da natureza humana? O tema é complexo e levaria a discussões infindáveis. A TV, ou qualquer outro meio de comunicação, deve ter muita responsabilidade na hora de abordar o assunto. Ao invés de questionar o tipo de relacionamento dos candidatos a adoção, há que se considerar o comportamento destes. Conheço casais (ou pares?) homossexuais que adotaram crianças e que levam vidas exemplares, proporcionando aos adotados qualidade de vida - material, espiritual e social - superior à proporcionada por alguns casais heterossexuais. ELIAKIN: Creio que é positiva a abordagem da questão homossexual nas novelas. O perigo é mostrar uma imagem estereotipada. Um casal gay não faz sexo para procriar e assim, aqueles que querem formar uma família encontram na adoção de crianças a sua única oportunidade. FB: Educação Sexual nas escolas deveria abordar a questão do homossexualismo? AROLDO: Não podemos ser hipócritas e tentar tapar o sol com peneira. A abordagem é necessária; deve, no entanto, ser responsável, cuidadosa e feita por pessoas "muito bem" preparadas evitando a apologia ou a condenação do fato. ELIAKIN: A educação sexual nas escolas brasileiras ainda é muito acanhada. Embora seja vital, o conhecimento sobre sexo e sexualidade não é uma disciplina obrigatória. Recentemente ganhou a condição de "tema transversal" que é uma maneira de tornar a orientação sexual em algo secundário, optativo e sem muita importância. Mas é claro que qualquer orientação sexual deve, necessariamente, incluir a questão homossexual. A escola brasileira ainda não aprendeu a lidar com estudantes e professores homossexuais que continuam sendo vítima de preconceitos, achincalhes e deboches por parte dos colegas. FB: Antigamente, o homossexualismo era a pior coisa dentro de uma família. Tinha pai e mãe que defendiam que o filho fosse bandido, menos viado. Hoje as coisas são vistas de forma diferente. O mesmo pode acontecer com relação às drogas? ELIAKIN: É um absurdo uma família ser complacente com um filho bandido e banir o filho homossexual. Chegamos nesse ponto por razões pseudo-religiosas e pelo falso moralismo imperante. Houve alguns avanços nos últimos anos, mas não são muitos.Quanto a questão da droga, precisamos de um debate específico.Se queremos saber se a sociedade brasileira já consegue aceitar a presença dos homossexuais e dos drogados, vamos ter que procurar esta reposta em algum lugar. A primeira coisa a fazer é concordarmos sobre que drogas estamos falando. No Brasil, as drogas campeãs são vendidas nas farmácias e sem receita médica. AROLDO: Comprovadamente a condenação pura e simples do usuário de drogas dentro do lar leva o envolvido à revolta, à procura por outras drogas, à desagregação social e ao vício. O tema é muito delicado, mas estudos mostram que a aproximação, o afeto, o carinho e o diálogo aberto e franco têm sido eficazes na cura de usuários de drogas.
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