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Crime organizado - PF tenta limpar serviço público
Os servidores públicos envolvidos em esquemas de corrupção continuarão a ser os principais alvos da Polícia Federal em 2005. Das 53 grandes operações realizadas nos últimos dois anos, 29 acabaram desarticulando quadrilhas integradas por agentes públicos. Ao todo, 268 servidores, entre eles delegados, agentes de polícia, juizes, funcionários de ministérios e do Tribunal de Contas da União (TCU) acabaram atrás das grades.

Matheus Machado Da equipe do Correio Os servidores públicos envolvidos em esquemas de corrupção continuarão a ser os principais alvos da Polícia Federal em 2005. Das 53 grandes operações realizadas nos últimos dois anos, 29 acabaram desarticulando quadrilhas integradas por agentes públicos. Ao todo, 268 servidores, entre eles delegados, agentes de polícia, juizes, funcionários de ministérios e do Tribunal de Contas da União (TCU) acabaram atrás das grades. Mas, segundo o diretor-geral da instituição, delegado Paulo Lacerda, a PF dará um novo enfoque no próximo ano aos crimes ambientais e a lavagem de dinheiro. O número de servidores detidos só não aumentou porque a Polícia Federal não deflagrou a 54ªoperação do ano, originalmente prevista para este mês em vários estados. Foi adiada para janeiro porque muitos 'alvos' estariam viajando no Natal e na passagem de ano. Segundo Paulo Lacerda, é necessário investigar e desarticular quadrilhas com servidores públicos envolvidos para combater o crime organizado e, principalmente, se credenciar para fazer operações sérias que atinjam outros segmentos da sociedade. 'Por isso a Polícia Federal vai dar continuidade a esse viés da investigação criminal, que diz respeito aos policiais federais e aos agentes públicos', afirmou. O diretor-geral da PF disse ainda que tem notado uma redução 'substancial' no número de ocorrências de ilícitos envolvendo policiais federais. O delegado afirmou, no entanto, que a presença de agentes públicos nos crimes não vai mudar tão cedo. 'É lógico que o crime organizado que tem a presença de policiais em seu meio não vai mudar de uma hora para outra', explicou. 'Mesmo porque retirar o envolvido sair desse mundo não é uma tarefa das mais simples', observou o delegado. Os investigadores da Polícia Federal têm informações 'seguras' de que outros grupos de funcionários corruptos estão infiltrados na administração pública. 'Por isso o combate à criminalidade com esse foco principal em 2005. A magnitude dessas organizações não existiria sem a presença de agentes públicos envolvidos', garantiu o diretor-geral da PF. Novas ações Apesar da quantidade de funcionários públicos envolvidos na bandidagem, a Policia Federal dará uma atenção especial - sobre o ponto de vista de novas operações - aos crimes relacionados ao meio ambiente, lavagem de dinheiro e ao combate ao contrabando de armas. Segundo Paulo Lacerda, esses crimes pouco atacados neste ano. Mais especificamente sobre o crime de lavagem de dinheiro, Paulo Lacerda explicou que é algo que precisa ser combatido porque é através dele que os criminosos estão conseguindo êxito nas ações. De acordo com o delegado, é através da lavagem que o dinheiro obtido ilegalmente chega limpo às mãos dos bandidos. Sobre o número de operações realizadas nos últimos dois anos - 53 -, o diretor-geral da PF disse que servirá como um 'acúmulo de experiência'. 'Nos traz uma boa experiência para que no ano de 2005 possamos dar continuidade ao trabalho desenvolvido. Obviamente corrigindo eventuais falhas que tem ocorrido', disse. Entre as 'eventuais falhas' se encaixa a prática de alguns exageros nas operações, como o uso demasiado de capuzes e algemas pelos agentes.
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