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Senso Crítico - Sem jabá oficial

Embora não seja esta a intenção, me perdoem aqueles que a carapuça servir. Mas é digna de crítica a aprovação no Orçamento Estadual de R$ 350 mil para obras na sede do clube dos servidores da Assembléia Legislativa e de R$ 200 mil para construção da sede do Sindicato dos Jornalistas. Tanto a Assepol como o Sinjoper não são entidades públicas com ações voltadas para a sociedade e sim, para grupos fechados de associados e filiados.

Edersen Lima, Editor Brasília - Embora não seja esta a intenção, me perdoem aqueles que a carapuça servir. Mas é digna de crítica a aprovação no Orçamento Estadual de R$ 350 mil para obras na sede do clube dos servidores da Assembléia Legislativa e de R$ 200 mil para construção da sede do Sindicato dos Jornalistas. Não se vê no encaminhamento desse total de R$ 550 mil qualquer afinidade com o que deve ser o objetivo do Orçamento Público, que é atender as necessidades do estado e da população. Tanto a Assepol como o Sinjoper não são entidades públicas com ações voltadas para a sociedade e sim, para grupos fechados de associados e filiados. Dinheiro arrecadado com impostos pagos pelo cidadão - por você amigo leitor - destinado para esses fins tem sido denunciado quase que diariamente na imprensa, o que nesse caso, chega a ser contraditório e constrangedor o recebimento desse dinheiro. Já tem quem acuse de jabá oficial essa "atenção" com o sindicato dos jornalistas. Nem toda acusação é verdadeira. No entanto, o problema é que toda atenção merece consideração, não é? A filosofia franciscana do "é dando que se recebe" não combina - ou não deveria combinar - com o Jornalismo que não quer ser atrelado a nenhum poder que não seja o da informação relevante à sociedade. Da mesma forma, fica um cheiro agre de casuísmo de compensação a aprovação de mais dinheiro público para que os servidores da ALE terminem as obras de seu clube campestre. Fica patente um favorecimento especial aos seus servidores. Favorecimento esse que poderia ser equivocadamente reivindicado por servidores públicos de outros poderes. Por que só para os da Assembléia? Seria a questão. Talvez, os deputados que aprovaram a emenda, inspirados pelo espírito de Natal não tenham atentado para esse disparate de pegar dinheiro do contribuinte e destinar para classes fechadas, pois como e quando o "seu João" ou "dona Maria" lá de um dos Pintolândias da vida vão usufruir ou desfrutar das benesses dos clubes dos servidores da ALE e dos jornalistas? Repito: Dinheiro do contribuinte não é pra isso. E os jornalistas que criticam e combatem a troca de favores entre o público e o privado, deveriam, no mínimo, repensar a fatura a ser cobrada dessa "atenção" para construção da sede - ou clube - do sindicato, até porque - vamos e venhamos - isso pega muito mal. Creio que existem inúmeras formas desvinculadas com políticos e com o bem público de se erguer uma sede social e uma delas, para o Sinjoper, seria através da cobrança das mensalidades dos filiados para a conta 1050-8, agência 0653 da Caixa Econômica Federal, e de campanhas que arrecadassem dinheiro com shows musicais, de humor; bingos, rifas e venda de produtos. Um pouco de criatividade vale também para a Assepol. É claro que seria mais demorada a construção desses clubes que não representam nenhuma urgência para seus associados e muito menos para a sociedade. Por outro lado, não haveria nenhum desgaste com acusações de institucionalização do jabá oficial.
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