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SISTEMA FINANCEIRO - BB e Caixa vão abrir os cofres
O esforço que os bancos públicos têm feito para ampliar as operações de crédito, sobretudo depois do puxão de orelhas recebido do presidente Lula, não os diferencia do restante do mercado. Com a demanda por financiamentos ainda moderada, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal também estão com o cofres abarrotados, com capacidade para alavancar em até R$ 60 bilhões seus empréstimos.

Vicente Nunes Da equipe do Correio O esforço que os bancos públicos têm feito para ampliar as operações de crédito, sobretudo depois do puxão de orelhas recebido do presidente Lula, não os diferencia do restante do mercado. Com a demanda por financiamentos ainda moderada, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal também estão com o cofres abarrotados, com capacidade para alavancar em até R$ 60 bilhões seus empréstimos. ''Estamos aumentando mês a mês as nossas operações. Mas temos de reconhecer que o volume de crédito concedido no país ainda é muito baixo'', diz o diretor da Área Comercial do BB, Antonio Francisco de Lima Neto. Ele conta que o BB está procurando aproveitar os nichos de mercado que vêm sendo explicitados pela retomada do crescimento econômico. As oportunidades, segundo ele, estão surgindo, sobretudo, no setor de infra-estrutura. O banco está analisando, por exemplo, financiamentos de R$ 3 bilhões em obras para transmissão de energia elétrica. Estão em fase de contratação R$ 181 milhões em créditos para modernização e ampliação de portos. Para armazenagem de produtos agrícolas, o BB está liberando R$ 574 milhões. A instituição ainda está fechando parcerias para a construção de estradas no Mato Grosso, que consumirão R$ 750 milhões. ''Com a retomada do crescimento, começam a surgir bons projetos para ser financiados no setor produtivo. E a tendência é de que, com a consolidação do desenvolvimento, a demanda por crédito aumente de forma mais acelerada'', afirma o diretor do BB. Ele conta que os R$ 4 bilhões em projetos produtivos que estão atualmente em análise pelo banco representam um volume duas vezes superior ao registrado no mesmo período do ano passado. ''O mais interessante é que os projetos estão chegando dos mais diversos setores da economia'', diz. ''Hoje, já temos mais de 1 milhão de empresas como clientes.'' Crescimento econômico A estratégia da Caixa para desovar o excedente de recursos que dispõe foi definida na última semana, sob o comando do presidente da instituição, Jorge Mattoso. Segundo Carlos Henrique Almeida Custódio, diretor de Crédito Comercial da instituição, o foco de atuação será entre as médias empresas, segmento no qual o banco ainda não conseguiu imprimir sua marca. ''Somos líderes no atendimento a micros e pequenas empresas. Temos praticamente um quarto de todos os mercados nos quais atuamos. Queremos manter essa marca entre as firmas de médio porte'', diz. ''Dinheiro para isso há de sobra'', garante. Pelo planejamento da Caixa, se a economia continuar ajudando, a meta é fechar o ano com os empréstimos da carteira comercial totalizando R$ 25 bilhões - um crescimento próximo de 30% em relação a 2003. Essa previsão, de acordo com Custódio, está mantida a despeito do aumento, na última quarta-feira, da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), de 16% para 16,25% ao ano. ''As empresas estão se movimentando. O crescimento econômico está trazendo muitas oportunidades para a ampliação dos negócios'', destaca. O diretor da Caixa conta que, nas linhas mais baratas de crédito, a oferta de recursos já se esgotou. Ele cita como exemplo a linha de R$ 500 milhões oriundos do Programa de Integração Social (PIS). Os recursos foram emprestados a empresas de pequeno porte a juros de 0,83% ao mês mais a variação da Taxa Referencial de juros (TR). ''Como continuamos recebendo pedidos de empréstimos, já acionamos o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para que nos forneça mais R$ 500 milhões, que serão destinados a esse público'', afirma Custódio. Os juros, nesse caso, serão um pouco mais elevados: 14,75% ao ano, equivalentes a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 9,75%, mais 5%. A Caixa também está disponibilizando, pela primeira vez, uma linha de empréstimos a empresas para o pagamento do 13º salário, num total de R$ 240 milhões. Até então, o banco só antecipava recursos para pessoas físicas.
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