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CHANTAGEM - Virgílio ataca Dirceu
A semana começou com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), acusando o governo de fazer ''cooptação escusa''. E terminou com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acusando o governo de patrocinar investigações para fazer chantagem contra seus adversários. Em ambos ataques, os dedos dos acusadores apontaram para um mesmo personagem no governo: o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

CONGRESSO Rudolfo Lago Da equipe do Correio A semana começou com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), acusando o governo de fazer ''cooptação escusa''. E terminou com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acusando o governo de patrocinar investigações para fazer chantagem contra seus adversários. Em ambos ataques, os dedos dos acusadores apontaram para um mesmo personagem no governo: o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. As ações de Dirceu - ou, pelo menos, atribuídas a ele - mantiveram alta a temperatura política nesta semana de esforço concentrado. E já começam a preocupar o governo. Depois do patrocínio do jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com senadores pefelistas (e o tucano Eduardo Siqueira Campos, do Tocantins) ligados ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Dirceu termina a semana acusado de ser o responsável por denúncias de remessa ilegal de dinheiro para o exterior por parentes do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Jereissati afirma que, a partir de informações que chegaram à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado, o relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP), ligado a José Dirceu, iniciou uma investigação paralela e montou um banco de dados específico da família Jereissati. Uma chantagem, segundo a acusação de Tasso, que motivou um duro discurso ontem de Arthur Virgílio contra Dirceu. ''Isso é a cara do Zé Dirceu, que usa métodos de Gestapo para perseguir seus adversários políticos'', acusou o líder. ''Eu tenho aversão à cara do José Dirceu'', disse. ''Alguém, assessorado por outro alguém, quer fazer mal ao senador Tasso Jereissati. Ele não está preocupado com as investigações ou listas, mas quer saber quem quer fazer mal a ele. Eu acho que é o ministro José Dirceu'', acrescentou. "Cara horrorosa" Irritado, o tucano disse ainda: ''Perdoe se estiver errado, mas isso tem a cara do ministro José Dirceu. Por fora ele é feio e por dentro ele é horroroso. A cara dele para mim é horrorosa. Para mim, tudo o que acontece de errado neste governo, qualquer coisa mal feita tem a cara do ministro José Dirceu.'' Segundo o senador, Tasso ''ganhou a ira de José Dirceu'' ao subir na tribuna do Senado e defender o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e alguns pontos da política econômica do governo. ''Se o senador Jereissati tivesse feito o contrário, e atacado a figura do ministro Palocci, aí se explicaria a patologia de José Dirceu. Mas foi o contrário. Suas ações são fruto de uma mente enferma'', disse. As denúncias contra Tasso foram tema de uma reportagem ontem do jornal Estado de S.Paulo. Nomes de parentes de Tasso estão em um CD-ROM que registra 534 mil operações financeiras realizadas no MTB Bank, de Nova York. São depósitos e saques de 44 contas bancárias, que movimentaram US$ 17 bilhões entre 1997 e 2003. E há 15 movimentações financeiras feitas por parentes indiretos do senador Tasso Jereissati. À divulgação dos nomes desses parentes (Paulo, João, Roberto, Fábio, Pedro e Jorge Jereissati Ary), Tasso reagiu afirmando que o vazamento dos dados da CPI do Banestado tem o propósito político de prejudicá-lo. INVESTIGAÇÃO Tenha ou não como alvo Tasso, o vazamento preocupou o meio político em Brasília. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deverá convocar ainda hoje a Mesa da casa para uma reunião. Sarney pretende determinar uma investigação para saber como vazaram as informações sobre o senador cearense e sua família. ''Nós estamos lendo na imprensa informações que nem nós, que somos membros da CPI, conhecemos'', queixa-se o senador Heráclito Fortes (PFL-PI). Também o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), informou que, à primeira prova do envolvimento de fato de José Mentor ou qualquer outro deputado no vazamento, instaurará processo de cassação por quebra de decoro parlamentar. O Correio procurou a assessoria do ministro Dirceu para que respondesse às acusações contra ele. Mas, até as 21h de ontem, não havia resposta. Mentor nega que tenha responsabilidade pelo vazamento das informações. As confusões políticas da semana atribuídas a Dirceu preocupam o governo. Não há qualquer evidência concreta de que o ministro possa estar envolvido com as denúncias contra Tasso. Mas as suas críticas públicas ao senador e ao PSDB são conhecidas. De acordo uma fonte do governo, essas ações não são combinadas ou autorizadas pelo presidente Lula. Elas decorrem da tentativa de Dirceu de emergir novamente no cenário político depois do caso Waldomiro Diniz. Desde o início, o comando da economia não ficou com o ministro da Casa Civil. E, no curso do desgaste com o caso Waldomiro, ele também perdeu a articulação política para o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo. Na avaliação dessa fonte, Dirceu não se conforma apenas com o papel de gerente das ações de governo. Para se reerguer, resolveu tornar-se uma espécie de guardião dos interesses do PT no governo. E é como esse guardião que ataca Tasso e o PSDB. FRASES DE VIRGÍLIO ''Eu tenho aversão à cara do José Dirceu'' ''Por fora ele (Dirceu) é feio e por dentro ele é horroroso. A cara dele para mim é horrorosa. Para mim, tudo o que acontece de errado neste governo, qualquer coisa mal feita tem a cara do ministro José Dirceu'' ''Em filme que eu fosse diretor, ele jamais seria escalado para ser o mocinho. Nem para ajudante do mocinho. Ele tem cara de bandido. Faria o papel de bandido no meu filme'' ''Suas ações (Dirceu) são fruto de uma mente enferma'' Fonte: Foto Roosewelt Pinheiro - Agência Senado
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