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RENDA - Há mais gente ganhando abaixo de R$ 1 mil
Desde 1981, a base da pirâmide social brasileira vem crescendo. De acordo com o estudo Brasil: estagnação e crise, elaborado pela Unicamp, o volume de pessoas que ganham abaixo de R$ 1.000 por mês saltou de 57,47% em 1981 para 63,97% em 2002. Nessa camada, a faixa que ganha entre R$ 500 e R$ 1 mil quase não se movimentou, crescendo de 26,58% para 26,77% da população.

Marcelo tokarski Da equipe do correio Desde 1981, a base da pirâmide social brasileira vem crescendo. De acordo com o estudo Brasil: estagnação e crise, elaborado pela Unicamp, o volume de pessoas que ganham abaixo de R$ 1.000 por mês saltou de 57,47% em 1981 para 63,97% em 2002. Nessa camada, a faixa que ganha entre R$ 500 e R$ 1 mil quase não se movimentou, crescendo de 26,58% para 26,77% da população. Quem mais perdeu foram os que ganham abaixo de R$ 500, que passaram de 30,48% para 35,93%. ''As camadas mais baixas estão crescendo porque pessoas da classe média estão descendo degraus da escada social'', explica o professor Waldir Quadros, autor do estudo. Em 1981, 68,47 milhões de pessoas ganhavam no máximo R$ 1 mil por mês. Hoje, são 109,8 milhões, de acordo com os números do estudo da Unicamp. Enquanto as mudanças sociais afetam a base da pirâmide, no topo pouca coisa muda. Entre 1981 e 2002, a proporção de pessoas com renda mensal acima de R$ 5 mil variou muito pouco, de 4,37% para 4,14%. Hoje, são 7,1 milhões de pessoas nessa situação. Mas mesmo quem ganha acima deste patamar reclama da perda do poder de compra. O funcionário público José da Silva, 50 anos, é um deles. Com renda mensal próxima de R$ 5.000, Silva conta que o controle financeiro passou a fazer parte de sua rotina. Com seu salário e o da mulher, que ganha R$ 2.500, ele vivia tranqüilamente. ''A gente viajava todos os anos, sempre comia em restaurantes e ia para o cinema. Agora, prefiro alugar um DVD porque é mais barato. Com R$ 5 a família toda vê o filme'', conta. Silva se orgulha de ainda conseguir pagar escola particular para os dois filhos. ''Prefiro cortar em outras coisas.''
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