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Políticos de olho nos novos eleitores
Os 4,3 milhões de rapazes e moças de 16 e 17 anos prontos para votar no dia 3 de outubro, a maior massa de eleitores jovens já reunida numa eleição, apontam para uma volta às urnas. Crescimento do número de jovens com título reverte debandada de 2002 e atrai atenção de partidos, candidatos e marqueteiros, que desenvolvem estratégias para cativar um eleitor especial.

Os 4,3 milhões de rapazes e moças de 16 e 17 anos prontos para votar no dia 3 de outubro, a maior massa de eleitores jovens já reunida numa eleição, apontam para uma volta às urnas. Desde 2000, o número de eleitores nessa faixa etária vinha caindo, uma mistura de desinteresse e desencanto pela política. Somado esse voto juvenil, o contingente de eleitores de até 20 anos chega agora à marca de 13,8 milhões de votos - 11% do eleitorado. Não há candidato que resista. Em 12 anos, entre 1988 e 2000, o número de jovens de 16 e 17 anos inscritos para votar subiu pouco: de 1,8 milhão para 3,1 milhões. Na eleição presidencial de 2002, uma debandada: o eleitorado nessa faixa etária despencou para 2,2 milhões. A eleição municipal de 2004 marca uma virada. 'Essa nova realidade vai na contramão de quem apostava num desalento democrático sem volta, numa aversão crescente à política pela juventude', avalia o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Sepúlveda Pertence. 'Se desencanto houve, parece estar passando.' Estratégia 'Esses dados são tão importantes que vão fazer muito marqueteiro refazer suas prioridades', aponta Eduardo Valdoski, o Eduardinho, 21 anos, secretário Municipal da Juventude do PT na capital paulista. Comparando com a última eleição, a cidade de São Paulo ganhou mais 61,6 mil eleitores nessa faixa etária. Com a campanha 'A primeira vez a gente nunca esquece', o PT paulista espera puxar esse eleitorado novato para o seu lado. Campanhas Todos os partidos seguem esse encalço, fazendo campanhas pelo voto jovem e colocando em sua propaganda na TV propostas para a juventude e apresentadores da idade desse eleitorado. 'Os programas eleitorais estão sendo reprogramados pensando nesse eleitor que vota e puxa voto', analisa o professor Emerson Cervi, doutorando em Comunicação Política e Eleições do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Foi o que fez a VS Propaganda, à frente de sete campanhas políticas no estado do Rio, onde o eleitorado de 16 e 17 anos passou de 48,4 mil, em 2002, para 133 mil em 2004. Os planos de governo de todos os candidatos passaram a incluir programas específicos para os jovens, incluindo a criação de Conselhos Municipais da Juventude, reivindicados pela UNE. Propostas sobre o passe escolar e o ensino público também se tornaram obrigatórias. 'Ao levantar o perfil do eleitorado, levamos em conta as faixas etárias, seu contingente e crescimento. Quando é preciso, redirecionamos toda a apresentação da campanha. Seria um erro político grave desprezar esses sinais que chegam antes das urnas', explica Ademildo Costa, coordenador de marketing político da VS no Rio. 'Como o voto no país é obrigatório, esse crescimento na faixa de voto facultativo é um dos indicadores mais preciosos para quem faz e quem analisa as campanhas', concorda Emerson Cervi, do Iuperj. Os sinais, de fato, não deixam dúvida. (Ricardo Miranda)
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