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Brasil e Bolívia reeditam "Davi e Golias" boleiro no Morumbi
A metáfora é batida, mas serve como uma luva: a história de Davi e Golias poderá ser vista neste domingo, às 17h10, no estádio do Morumbi, quando o Brasil irá enfrentar a Bolívia, em jogo válido pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2006. No papel do jovem camponês que liderou os israelitas contra o exército dos filisteus, estarão os bolivianos, atuais lanternas do torneio classificatório ao mundial -com duas vitórias e cinco derrotas, em sete partidas.

Marcius Azevedo Em São Paulo A metáfora é batida, mas serve como uma luva: a história de Davi e Golias poderá ser vista neste domingo, às 17h10, no estádio do Morumbi, quando o Brasil irá enfrentar a Bolívia, em jogo válido pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2006. No papel do jovem camponês que liderou os israelitas contra o exército dos filisteus, estarão os bolivianos, atuais lanternas do torneio classificatório ao mundial -com duas vitórias e cinco derrotas, em sete partidas. A seleção brasileira será o gigante de mais de três metros de altura, afinal é o líder (um ponto à frente da Argentina) e único invicto até aqui. A diferença fica ainda mais nítida pelo ranking da Fifa. A seleção pentacampeã do mundo segue na primeira colocação há muito tempo, enquanto o rival ocupa apenas a 93ª posição, pior entre os sul-americanos, ficando atrás de forças inexpressivas do futebol, como Indonésia. Por isso, na cabeça dos jogadores, o principal adversário não será propriamente a Bolívia, e sim o enorme favoritismo atribuído ao Brasil. Por isso, o time comandado pelo técnico Carlos Alberto Parreira não quer saber de comparações bíblicas. "Só nós temos o que perder neste jogo. Por isso, o ideal é ter tranqüilidade. A torcida sabe da qualidade da seleção e vai empurrar em busca do gol", afirmou o goleiro Júlio César, que herdou o lugar de Dida. O antigo titular não foi chamado devido à briga entre CBF e Milan, da Itália, pela liberação de jogadores para o amistoso no Haiti. O discurso é compartilhado também pelo zagueiro Edmílson. "A responsabilidade da vitória é toda nossa. Por tudo aquilo que o Brasil vem mostrando. Eles vão tentar se aproveitar disso. Cabe a nós sairmos para o jogo desde o início, com bastante força". E se o gol não sair? "Temos jogadores experientes para administrar isso", acredita o atacante Adriano. "Sabemos que temos condições de derrotá-los e, quem sabe, até com uma boa diferença". Parreira quer empenho da equipe desde o início, para evitar uma reação adversa dos exigentes torcedores paulista. "A torcida vai do amor ao ódio em poucos segundos. Quero uma seleção ativa que tente definir o jogo o mais rápido possível para trazer a torcida para a gente", avisou. A seleção também tem outro fator positivo ao seu lado. O Brasil não é derrotado em jogos na cidade de São Paulo há 40 anos. O último revés aconteceu no ano de 1964, diante da arqui-rival Argentina, com uma derrota por 3 a 0. Depois disso, em 23 partidas, foram 14 vitórias e nove empates. Na última partida no Morumbi, no entanto, em 25 de abril de 2001, o Brasil, então comandado por Emerson Leão, hoje treinador do São Paulo, ficou apenas no 1 a 1 com o Peru, em jogo válido pelas eliminatórias de 2002. Já no dia 15 de novembro de 2000, na vitória 'magra' sobre a Colômbia, gol de Roque Júnior, os torcedores arremessaram bandeiras ao gramado em sinal de protesto pela fraca exibição. "Tenho certeza que agora será diferente. Não tem motivo para criticarem nosso time. Estamos em uma condição muito melhor que em 2000", afirmou Roque Júnior. Time enfraquecido A torcida de São Paulo não poderá ver todos os craques da seleção em campo. Parreira, por imposição da CBF, deixou de fora da lista Dida, Kaká, Cafu, Zé Roberto e Lúcio. Milan e Bayern de Munique, onde atuam os atletas, travam uma batalha para não liberá-los para servir o Brasil. A gota d'água foi o amistoso disputado no Haiti, promovido pelo governo federal. "Todos os jogadores sabiam que teriam de atender àquela convocação", explicou o treinador. "Não houve surpresa para ninguém". Além disso, alguns outros jogadores foram cortados por motivo de contusão. Entre eles, três bem conhecidos do público paulista: Luís Fabiano, Diego e Gustavo Nery. O zagueiro titular Juan também não participará por ter sofrido uma forte pancada na cabeça no último jogo da sua equipe, o Bayer Leverkusen. A boa notícia é que Ronaldinho Gaúcho recuperou-se de uma lesão no tornozelo direito e estará em campo neste domingo. No entanto, Juninho Pernambucano torceu o tornozelo direito no treino no estádio do Morumbi, no último trabalho antes da partida, e virou dúvida. Renato, Júlio Baptista e o próprio Alex podem ficar com essa vaga. O jogo atrai tanta atenção que será também utilizado na corrida eleitoral pela prefeitura. Estarão no estádio do Morumbi a prefeita e candidata à reeleição Marta Suplicy (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que apóia José Serra para o posto. BRASIL Júlio César; Belletti, Edmílson, Roque Júnior e Roberto Carlos; Gilberto Silva, Edu, Juninho Pernambucano (Renato ou Júlio Baptista) e Ronaldinho Gaúcho; Adriano (Alex) e Ronaldo Técnico: Carlos Alberto Parreira BOLÍVIA Fernández; Peña, Oscar Sánchez, Raldes, Jáuregui (Carballo) e Alvarez; Cristaldo, Tufiño, Luis Gatty e Percy Colque; Botero Técnico: Ramiro Blacut Data: 05/09/2004 (domingo) Local: estádio do Morumbi, em São Paulo Horário: 17h10 Árbitro: Héctor Baldassi (Argentina) Auxiliares: Rodolfo Otero e Juan Carlos Rebollo (Argentina) Transmissão: Globo
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