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Quem paga a conta das celebridades jurídicas?

Durante a campanha de 2004, Flamarion pregava ser um modesto funcionário público que chegou a Boa Vista pobre, atrás de um emprego. De uma hora para outra, seu irmão, também pobre, é um empresário endinheirado; no mesmo tempo, Flamarion passa a contratar os melhores escritórios de advocacia de Brasília. Quem paga a conta de suas estripulias nos fóruns de Brasília, Flamarion? Não está na hora de isso ser explicado também ao povo de Roraima? Ou não existem explicações?

Por Manoel Lima Se Flamarion Portela vai deixar o governo ou Ottomar Pinto será diplomado novo governador, isso é uma história para ser contada depois. Só os ministros do TSE poderão dizer, se vão reformar ou não os votos que deram na sessão do tribunal que cassou o mandato de Flamarion Portela. Agora, uma pergunta que não quer calar, até mesmo entre os mais desavisados; quem paga a conta das celebridades jurídicas contratadas por Flamarion? E a peso de ouro? O que a sociedade roraimense quer saber também é de onde provém esse dinheiro - diga-se uma dinheirama - se ele, Flamarion, é um simples funcionário público mortal, de família pobre de Coreaú, no Ceará? Quem está financiando essa gastança? Certamente alguém que está apostando na reviravolta que o governador cassado possa dar na justiça eleitoral e, se isso acontecer, apresentar depois a fatura, como tem ocorrido nesse governo de desmandos administrativos e financeiros de Roraima. É muito dinheiro que está sendo usado por Flamarion Portela para pagar uma plêiade de excelentes advogados, autenticas celebridades nos meios jurídicos da capital federal. Agora mesmo, Flamarion Portela contratou os serviços advocatícios do filho do ministro Nelson Jobim, presidente do Supremo Tribunal Federal. Apesar de novo e sem muito jogo de cintura nos fóruns superiores de Brasília, o filho do ministro pode ter algum cacife para aceitar uma causa desse naipe jurídico. Se não tiver o cacife desejado, pelo menos poderá o seu parentesco influir num possível julgamento no STF? Também é uma pergunta que está no ar. São advogados que não têm pena dos bolsos dos seus clientes, principalmente quando descobrem que o cliente é bocó, desavisado; ou então o cliente tem panos para as mangas, para gastar o que tem e o que não tem. É o caso de Flamarion Portela. Durante a campanha eleitoral de 2004, ele pregava ser um modesto funcionário público; nascido nas brenhas de um longínquo município do Ceará, que chegou a Boa Vista pobre, atrás de um emprego público. De uma hora para outra, seu irmão, também pobre, é um empresário endinheirado; no mesmo tempo, Flamarion passa a contratar os melhores escritórios de advocacia de Brasília. Pelos cálculos de advogados que trabalham nos tribunais superiores de Brasília, um recurso desse tipo que Flamarion Portela deu entrada no TSE questionando a sua cassação não custa menos do que R$ 2 milhões. "Isso por baixo. É claro que eles sabem que a questão está perdida e vão até às últimas conseqüências para convencer o cliente a gastar bem", observa um advogado com trânsito nos tribunais. De onde vem esse dinheiro todo? Enquanto isso, Roraima padece do caos administrativo que maculou as suas finanças. Faltam remédios nos hospitais; crianças recém-nascidas morrem na maternidade. Roraima, decididamente não merece o governo que tem. Sair cassado do governo, Flamarion está pagando apenas as mazelas eleitorais que cometeu durante a campanha de 2004. O eleitor não o elegeu como ele apregoa; suas mazelas na administração do governo e os crimes eleitorais o ajudaram a diminuir o ímpeto da vontade do eleitor no primeiro turno. Não fosse isso, Ottomar Pinto teria vencido o primeiro turno com larga vantagem. Mas não se está discutindo o sexo dos anjos. O TSE já decidiu que Flamarion Portela não é mais governador de Roraima. Falta agora ou o TSE mandar o TRE diplomar Ottomar ou o próprio TRE decidir pela via mais consentânea do entendimento jurídico e racional. Eleições no dia 3 pode ser uma última saída; mas a diplomação ainda é o caminho menos tortuoso a ser percorrido. Quem paga a conta de suas estripulias nos fóruns de Brasília, Flamarion? Não está na hora de isso ser explicado também ao povo de Roraima? Ou não existem explicações?
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