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LIÇÃO DE CULINÁRIA - Por Aroldo Pinheiro
Antônio Carlos, paulista, da cidade de Lins, gordo, simpático, bonachão, espirituoso, carismático e muito bem humorado, tem verdadeira adoração pelos segredos da culinária; cozinha de tudo, mas sua especialidade são os molhos para espaguete. Ao entrar na cozinha, nosso amigo se transforma e, apesar de levar muito tempo na elaboração de suas comidas, perfeccionista que é, sempre apresenta manjares maravilhosos. Surpreende, às vezes, com pratos como a rabada com polenta e agrião ou a deliciosa farofa de maracujá.

Antônio Carlos, paulista, da cidade de Lins, gordo, simpático, bonachão, espirituoso, carismático e muito bem humorado, tem verdadeira adoração pelos segredos da culinária; cozinha de tudo, mas sua especialidade são os molhos para espaguete. Ao entrar na cozinha, nosso amigo se transforma e, apesar de levar muito tempo na elaboração de suas comidas, perfeccionista que é, sempre apresenta manjares maravilhosos. Surpreende, às vezes, com pratos como a rabada com polenta e agrião ou a deliciosa farofa de maracujá. Tonhão, como é carinhosamente conhecido, também é muito bom de papo e de copo. Nas muitas reuniões de que participa, invariavelmente, domina o ambiente. Adilson Dantas, amazonense, da cidade de Manaus, também gordo, simpático, bonachão, espirituoso, carismático e muito bem humorado, decidiu enveredar pelos segredos da culinária. Adilson e Tonhão, quando juntos, dividem o centro das atenções. Amigos que são, estavam um dia em reunião na casa do primeiro, tomando uns tragos e ouvindo boa música com objetivo de saborear, logo mais, junto a outros convivas, uma das famosas macarronadas com frutos do mar. Adilson resolveu aproveitar a oportunidade e pediu para acompanhar Tonhão na feitura daquele prato para, assim, aprimorar seus conhecimentos na pilotagem de fogão. Fantasiaram-se com aventais e chapéus de mestre-cuca e iniciaram os trabalhos propriamente ditos: corte miúdo de cebolas, pimentões, tomates, coentro, cebolinha, etc. "Como ninguém é de ferro", segundo Adilson, iam bebericando fartas doses de uísque e conversando animadamente durante a manipulação dos ingredientes; na verdade davam mais atenção à bebida e ao papo do que à tarefa principal. Tonhão não segue receitas, cozinha "de ouvido". Durante a elaboração de seus pratos, vai adicionando, aleatoriamente, ervas, pós e temperos mil que ocupam o sortido nicho acima de seu fogão de seis bocas. Após vencida a primeira etapa com legumes e verduras, partiram para nova fase: mistura, refogamento, flambagem, e aplicação das poções mágicas. Sob os olhares atentos do aprendiz Tonhão salpicou um pouco de currie, colocou algumas folhas secas de louro, um pouquinho de menta, uma nesguinha de açafrão e, de repente, sem notar o que estava fazendo, talvez devido ao teor alcoólico, apanhou um vidro de Sal de Frutas Eno, destampou e adicionou duas colherinhas das de chá dentro do seu suculento molho. Adilson, vendo aquilo, estranhou e interpelou: - O que diabos você aplicou no molho??? Tonhão surpreendeu-se, apanhou novamente o frasco, leu o rótulo com atenção, e, sem querer mostrar que tinha se enganado com os sais, esboçou um sorriso maroto e falou para seu aprendiz de cozinheiro: - Sal de Frutas Eno..., a gente coloca um pouquinho pra não dar azia no povo...
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