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Augusto Botelho critica nível das escolas de Medicina
O senador Augusto Botelho (PDT-RR) fez um alerta, nesta quinta-feira (26), para o "violento" processo de degradação da educação médica no país e para os efeitos que isso provocará sobre a saúde do povo nas próximas décadas. Segundo o senador, nos últimos anos houve a criação desenfreada de cursos de Medicina, a grande maioria dos quais "não reúne as mínimas condições de funcionamento, servindo sua instalação exclusivamente à satisfação de escusos interesses políticos e empresariais".

Agência Senado O senador Augusto Botelho (PDT-RR) fez um alerta, nesta quinta-feira (26), para o "violento" processo de degradação da educação médica no país e para os efeitos que isso provocará sobre a saúde do povo nas próximas décadas. Segundo o senador, nos últimos anos houve a criação desenfreada de cursos de Medicina, a grande maioria dos quais "não reúne as mínimas condições de funcionamento, servindo sua instalação exclusivamente à satisfação de escusos interesses políticos e empresariais". Na avaliação de Augusto, a política para o ensino superior que vigorou até recentemente permitiu a abertura indiscriminada e sem qualquer critério de novos cursos superiores, inclusive na área de atenção à saúde. Segundo informou, entre 1996 e 2003, o governo federal autorizou a abertura de 37 cursos de medicina no país. Hoje, há 121 escolas de Medicina em funcionamento que oferecem, anualmente, cerca de 10 mil vagas. - Para os empresários do setor, que cobram mensalidades verdadeiramente exorbitantes dos jovens que almejam obter o cobiçado diploma de médico e investem muito aquém do necessário para assegurar uma formação compatível com as elevadíssimas responsabilidades inerentes ao exercício dessa profissão, essa política de franca liberalidade na concessão de autorizações para o funcionamento de novos cursos representou, evidentemente, um suculento butim a ser abocanhado, um negócio muito lucrativo a ser explorado. O senador citou pesquisa divulgada pelo Conselho Federal de Medicina que aponta que o número de médicos no Brasil cresce numa velocidade quase duas vezes superior à do crescimento da população. Há um médico para cada 601 habitantes, a segunda melhor relação do planeta, depois dos Estados Unidos - a Organização Mundial de Saúde considera ideal um médico para cada mil pessoas. Augusto observou que uma interpretação apressada desses números poderia sugerir que a abundância de profissionais coloca o país numa situação privilegiada. "Nada mais enganoso", completou, ao chamar a atenção para a péssima distribuição geográfica dos médicos e ao destacar que esse incremento no número de médicos ocorreu às custas da qualidade do ensino recebido pelos profissionais formados no período mais recente. Augusto citou entrevista concedida no ano passado à revista Isto É pelo presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Antônio Carlos Lopes, que relatou "sua terrível perplexidade ao se deparar com jovens médicos que nem sequer conhecem a exata localização do coração, nem sabem dizer quantas são as válvulas cardíacas". Augusto elogiou à nova postura do Ministério da Educação, que, depois de insistentes pedidos das entidades da área médica, suspendeu a autorização para abertura de cursos de Medicina. Em apartes, apoiaram o discurso de Augusto os senadores Ramez Tebet (PMDB-MS), Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) e Mão Santa (PMDB-PI).
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