00:00:00
Cartilha ensina mulheres como ganhar uma eleição
Para estimular a participação das mulheres na disputa eleitoral de outubro, a deputada Iara Bernardi (PT-SP) editou a cartilha Conquistadoras de Votos. O objetivo é informar às candidatas sobre o processo eleitoral, a organização e a realização da campanha. À primeira vista, a cartilha pode suscitar alguns questionamentos.

Alessandra Mello Do Estado de Minas Para estimular a participação das mulheres na disputa eleitoral de outubro, a deputada Iara Bernardi (PT-SP) editou a cartilha Conquistadoras de Votos. O objetivo é informar às candidatas sobre o processo eleitoral, a organização e a realização da campanha. À primeira vista, a cartilha pode suscitar alguns questionamentos. Afinal, se homens e mulheres têm os mesmos direitos e deveres na hora de disputar uma eleição, porque lançar um manual eleitoral com distinção de gênero. Os números, no entanto, não deixam dúvida de que a participação feminina na política brasileira está longe de ser equiparada com a dos homens. Por isso, merece um tratamento especial. Elas são maioria da população e do eleitorado brasileiro. Nas eleições deste ano as mulheres vão depositar nas urnas três milhões a mais de votos do que os homens. Mas essa superioridade numérica não se mantém quando se fala da presença feminina na vida política. No Brasil, existe uma vereadora para cada 37 representantes do sexo masculino. No Congresso Nacional e nas assembléias legislativas, elas ocupam atualmente menos de 7% dos assentos. Em relação aos outros países, a situação do Brasil também é de desvantagem. O país ocupa o 88º lugar no ranking da participação da mulher nos parlamentos, feito pela União Interparlamentar, uma organização não-governamental, com sede em Genebra, que reúne 183 congressos nacionais. O primeiro lugar é de Ruanda, um país africano, onde as mulheres conquistaram 48,8% dos cargos no Legislativo, por causa de uma política de cotas adotada nas eleições passadas. ''A mulher tem medo do poder'', sentencia a autora da cartilha. Segundo a parlamentar, as mulheres já conquistaram muitos direitos, mas quando a escala de poder vai aumentando elas ficam para trás, apesar de a mulher ter um ótimo desempenho em postos de liderança, porque se mostra preocupada com as questões sociais e têm um grande poder de agregar as pessoas. ''Isso faz parte do treinamento feminino'', justifica Iara Bernardi. Para a parlamentar, a lei de autoria da ex-deputada federal, hoje prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), que reservou 30% das vagas nas disputas proporcionais para as mulheres, é suficiente. Como o preenchimento da cota não é obrigatório, muitos partidos não se esforçam para alcançar esse patamar. Para Iara, as mulheres têm dificuldades também em conseguir recursos para a campanha, pois os grandes financiadores não apostam nas candidaturas femininas. Um projeto de autoria da deputada federal Luíza Erundina (PSB) também, candidata à Prefeitura de São Paulo, propõe que os partidos reservem 30% de seus recursos para financiar as campanhas femininas. Caso o Congresso aprove o financiamento público das campanhas, a bancada feminina vai tentar emplacar uma reserva desses recursos para as candidatas. A socióloga e advogada Giane Boselli, assessora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), organização não-governamental que trabalha junto ao Congresso para garantir a aprovação de projetos de interesse da mulher, também considera baixa a participação feminina na política. ''Nossa cultura colocou a mulher na esfera do privado, do doméstico e não no centro do poder. Esse tipo de pensamento ainda prevalece''. O Brasil, avalia Giane, tem dado passos muito pequenos para a ampliação da participação feminina na política. A prova é que a primeira mulher a se eleger senadora foi a mineira Júnia Marise, que tomou posse em 1990. ''Isso foi há quatorze anos'', conclui. REGRAS E HISTÓRIA Curiosidades No século passado, somente 28 mulheres foram eleitas chefes de estado A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a reconhecer, em 1893, o direito da mulher votar No Brasil, o voto e a candidatura feminina foram reconhecidos em 1932 Em Brasília, dos 513 deputados, 42 são do sexo feminino De 5.559 municípios, 315 são governados por mulheres Dicas para a campanha: Não tenha vergonha de dizer que é candidata Não se intimide diante de outras candidaturas Explore aspectos positivos da participação das mulheres na política Não perca tempo disputando espaço com outros candidatos Dê importância a sua aparência Não dirija sua plataforma política exclusivamente para as mulheres
COMENTÁRIOS