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FIM DA MEDIDA - Por Márcio Accioly
Brasília - O presidente Dom Luiz Inácio não teve a menor sorte ao pedir a população, nesta segunda feira (12), que "tenha paciência com os rumos da economia, pois as coisas vão melhorar". Faz tempo que sua excelência entoa a cantilena que já está batendo em ouvidos moucos (ou surdos). Reportagem na Folha de S. Paulo da mesma segunda-feira, assinada por Ney Hayashi da Cruz, mostrou que os bancos atuando no Brasil "pagaram menos impostos neste início de ano, de acordo com levantamento feito pelo Banco Central".

Brasília - O presidente Dom Luiz Inácio não teve a menor sorte ao pedir a população, nesta segunda feira (12), que "tenha paciência com os rumos da economia, pois as coisas vão melhorar". Faz tempo que sua excelência entoa a cantilena que já está batendo em ouvidos moucos (ou surdos). Reportagem na Folha de S. Paulo da mesma segunda-feira, assinada por Ney Hayashi da Cruz, mostrou que os bancos atuando no Brasil "pagaram menos impostos neste início de ano, de acordo com levantamento feito pelo Banco Central". O que se conclui é que os únicos apenados com essa carga tributária intolerável no nosso país são os pobres assalariados. Os que não têm como fugir do arrocho. Recebem mísero salário? O imposto de renda vai em cima. Movimentam dinheiro no banco? Eis que o CPMF come sua parte. Mas o excelentíssimo presidente, cujo avião recém-adquirido pela bagatela de 56 milhões e 700 mil dólares, brilhou intensamente na primeira página da Folha de sábado (10), acredita que o criminoso modelo econômico vigente é a verdadeira base da salvação nacional. Modelo que se cansou de combater, quando ainda na oposição, denunciando e discorrendo seus males à exaustão. Não fosse sua excelência tão compenetrado e firme nas declarações e suspeitaríamos de que parece andar bebendo. Que diz o estudo do nosso Banco Central? "No primeiro trimestre de 2004, as instituições financeiras gastaram 1 bilhão e 487 milhões de reais com tributos. Em igual período do ano passado, foram 3 bilhões e 218 milhões de reais a menos". Uma queda de exatos 53,8% em valores nominais. Na realidade, estamos caminhando para o estrangulamento de toda essa bandalheira que aí se encontra. Os assalariados, os que miraculosamente ainda conseguem arranjar emprego que lhes destine algumas migalhas, não têm mais como se safar de tanto tributo, taxas explícitas e implícitas, valores embutidos e declarados, recursos subtraídos de rendimentos desmoralizados. O Banco Mundial, num documento de 24 páginas (liberado no último dia 24 de junho), afirma claramente que o Brasil poderá ser "obrigado a elevar o superávit primário - a parcela das receitas destinada ao pagamento da dívida pública - caso a economia do país seja abalada por choques externos". E Dom Luiz Inácio pede paciência enquanto espera avião que o levará para bem distante em dias de tumulto e incerteza. No estado de São Paulo, liminar concedida pelo juiz Paulo Cícero Augusto Pereira, da primeira Vara Cível de Catanduva, cidade a 385 km da capital, suspendeu, naquela unidade federativa, a cobrança da taxa de assinatura mensal de todos os clientes da Telefônica. A empresa cobra dos seus clientes a taxa mensal de 31 reais e 14 centavos, prática que o magistrado considera "abusiva". Isso, se ninguém fizer ligação. O sistema Embratel foi "privatizado" naquele período de roubalheira escancarada, praticada pelo ex-presidente FHC e seus familiares mais diretos , além de outros integrantes da quadrilha que montou no Planalto, arrochando o consumidor e sangrando seus últimos centavos. É claro que a liminar poderá ser derrubada por instância superior, voltando-se tudo à estaca zero. Mas encontra-se evidente a penúria de nossa gente que já não tem mais como arcar com tanta despesa. O PT, na oposição, combatia essa pouca vergonha e jurava ter a solução para tudo. Hoje, Dom Luiz Inácio pede paciência e cuida de apertar ainda mais o parafuso. Email: [email protected] Fonte: Imagem extraída do site 'http://www.brazil.org.uk/content/images/1043668512.jpg'
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