Uma pequena produtora de hortaliças e hortifrugranjeiros da capital, beneficiada com o Projeto Estufas da Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) foi tomada de surpresa, quando, na semana passada, teve sua estufa desmontada por funcionários da Secretaria Municipal de Agricultura, Meio ambiente e Assuntos Indígenas, sem dar maiores explicações.

Uma pequena produtora de hortaliças e hortifrugranjeiros da capital, beneficiada com o Projeto Estufas da Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) foi tomada de surpresa, quando, na semana passada, teve sua estufa desmontada por funcionários da Secretaria Municipal de Agricultura, Meio ambiente e Assuntos Indígenas, sem dar maiores explicações. Trata-se da produtora Elisa Pereira da Silva, moradora do bairro Senador Hélio Campos, que sobrevive da produção de hortaliças e verduras em uma estufa cedida pela Prefeitura. Ela vende os produtos de casa em casa e em pequenos comércios dos bairros vizinhos. Ocorre que, na chácara vizinha à que ela mora, havia uma estufa sem uso e a produtora decidiu ocupá-la, com a autorização do responsável. No último sábado, ao retornar à sua casa depois de ter saído para vender seus produtos, encontrou uma equipe de funcionários da PMBV desmontando as duas estufas. A do terreno vizinho já estava completamente desmontada e a dela, já estava sem a proteção inferior em tela de aço, denominada de "saia". Os funcionários, segundo dona Elisa, alegaram que as estufas seriam cedidas para outra pessoa. Dona Elisa conta que enquanto promovia o desmonte, um dos funcionários revelou que a operação já ocorrera em 38 unidades nos diversos bairros da capital. Questionado sobre os motivos do desmonte, o funcionário se limitou apenas a dizer que cumpria ordens, mas desistiu da operação em seguida. D. Elisa questiona o real motivo da tomada das estufas, uma vez que a que está sob sua responsabilidade é produtiva e não recebeu nenhum comunicado informando se havia ou não alguma irregularidade. "Se havia alguma irregularidade, eu deveria ter sido comunicada com antecedência e não seria necessário tamanha brutalidade", reclama. PREFEITURA A Secretaria Municipal de Agricultura, Meio ambiente e Assuntos Indígenas informou, através da Assessoria de Comunicação da PMBV, que Elisa Pereira é uma das 208 pessoas beneficiadas pelo Projeto Estufa. Mas a nota nega que servidores municipais tenham entrado no terreno da produtora para retirar sua Estufa. Segundo a nota, Elisa se apropriou indevidamente de uma Estufa (que não pertencia a ela) abandonada ao lado de sua propriedade. Por motivo de contrato, a posse da Estufa abandonada volta para a Prefeitura, que retirará do local para beneficiar outro produtor. Ainda de acordo com a nota, para que a produtora não perca a safra e nem tenha prejuízos, a secretaria deu um prazo de 20 dias para que seja feita a colheita. Após este prazo, a estufa será retirada. O PROJETO ESTUFAS De acordo com o site da PMBV (www.boavista.rr.gov.br) o Projeto Estufas foi criado para abastecer o mercado local com 208 unidades que produzem hortaliças e frutas. O excedente é vendido para Manaus. A intenção da PMBV era incentivar a agricultura familiar e reduzir a dependência do Município em relação às hortaliças, legumes e frutas importadas de outros Estados. Ainda segundo o site, atualmente o Município é auto- suficiente na produção de alface, tomate, pimentão, mamão, limão, rúcula, rabanete, cheiro verde, etc. Para aumentar as vendas, a Cooperativa do Projeto Estufas foi instituída em março de 2003. O Projeto Estufas tem apoio da Suframa e do Ministério da Previdência e da Assistência Social. Na área urbana de Boa Vista, as estufas estão localizadas nos bairros: 13 de setembro, Aeroporto, Buritis, Caçari, Caimbé, Cauamé, Centenário, Cinturão Verde, Distrito Industrial (Jardim das Copaíbas), Dr. Sílvio Botelho, Dr. Silvio Leite, Jardim Caranã, Jardim Floresta, Jardim Primavera, Jardim Tropical, Nova Cidade, Operário, Professora Aracelis Souto Maior, Raiar do Sol, Senador Hélio Campos e União. Na área rural: Água Boa, Bela Vista/Bom Intento, Loteamento Caranã, Monte Cristo e Santa Fé; Embrapa, Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, Projeto Crescer, Projeto Meninos do Dedo Verde e Universidade Federal de Roraima (Campus do Cauamé).