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Governo pode ampliar uso de dinheiro de plástico
O Banco Central deverá tomar, já nos próximos meses, uma complexa decisão que poderá trazer mudanças significativas na forma de produção do meio circulante mais importante de uma economia. A escolha, que dependerá de aprovações técnicas e políticas, deve definir entre a continuação do uso do centenário papel como matéria-prima para a fabricação de cédulas ou passar a adotar as notas de polímero, popularmente conhecidas como "dinheiro de plástico", que prometem ser mais duráveis e gerar uma economia de milhões de dólares para o País.

Fonte: Gazeta Mercantil O Banco Central deverá tomar, já nos próximos meses, uma complexa decisão que poderá trazer mudanças significativas na forma de produção do meio circulante mais importante de uma economia. A escolha, que dependerá de aprovações técnicas e políticas, deve definir entre a continuação do uso do centenário papel como matéria-prima para a fabricação de cédulas ou passar a adotar as notas de polímero, popularmente conhecidas como "dinheiro de plástico", que prometem ser mais duráveis e gerar uma economia de milhões de dólares para o País. As avaliações técnicas sobre a experiência com a nota de R$ 10, feita com o novo material, adotada em 2000, durante a celebração dos 500 anos do Brasil, entram na fase final. Na Casa da Moeda seguem os estudos. Segundo o BC já está em fase de contratação aquela que seria a última pesquisa antes da decisão final, que definirá qual das tecnologias será a melhor para o País. Os questionários deverão ser direcionados à população e, em especial, aos profissionais que trabalham com dinheiro. Os resultados serão analisados por BC e governo para que a escolha se dê até meados do segundo semestre. O último estudo preliminar ocorreu no ano passado, quando o BC pôde avaliar alguns benefícios que a adoção do polímero poderia trazer ao país. De acordo com o levantamento, das 253 milhões de cédulas de polímero impressas em 2000, foram economizados pelo Tesouro Nacional cerca de US$ 17 milhões de forma direta - a durabilidade das notas de plástico é maior que as de papel (em alguns países a vida útil é até quatro vezes maior). Também constataram-se outras melhorias: características de segurança contra falsificação; menor absorção de sujeira; redução de manutenções em caixas automáticos; possibilidade de reciclagem de todo material. Todos esses atrativos seguem ligados a uma proposta feita ao governo brasileiro pela Securency Pty Ltd., empresa responsável pela produção do substrato de polímero, formada por meio de uma joint- venture entre o Banco Central da Austrália (Reserve Bank of Australia) e a multinacional belga UCB, gigante do setor farmacêutico e de especialidades de superfície. O negócio transformaria o Brasil em um exportador de notas para países da América Latina e África, e possibilitaria montar uma fábrica, em território nacional, capaz de produzir toda a matéria-prima. Para a impressão seria aproveitado todo o parque gráfico da Casa da Moeda que já possui equipamentos compatíveis. A sede da fábrica do substrato poderia ser instalada no Estado do Rio de Janeiro, na qual seriam investidos aproximadamente US$ 50 milhões gerando cerca de 250 empregos diretos. À Casa da Moeda caberia a fabricação do próprio dinheiro nacional e a comercialização de cédulas com outros países, o que, em tese, geraria receita através da exportação de dinheiro, além da economia interna. O presidente da Câmara Oficial de Comércio Brasil-Austrália, Hélio Marchi, explica que se o País adotar essa tecnologia poderá economizar cerca de um bilhão de dólares em dez anos de produção de dinheiro, levando em conta a relação custo-benefício. "As vantagens do polímero são realmente significativas, e a decisão do governo está muito próxima e com grandes chances de ser positiva", explica Marchi. O diretor para a América Latina da Securency, Sergio Detoie, explica que diversos fatores levaram à escolha do Brasil como plataforma para essa produção. Entre eles está a potencialidade, devido ao grande mercado consumidor, de uma produção média anual de 1,2 bilhão de cédulas. "Talvez um dos critérios de maior relevância seja o papel de liderança que o Brasil exerce hoje na América Latina, aliada à sua capacitação tecnológica de impressão de dinheiro", comenta o executivo. Ainda não há estudo fechado que demonstre o quanto o país poderia lucrar com a exportação das cédulas acabadas de polímero e qual seria o tamanho do mercado potencial. Porém, fontes afirmam que cinco países da América Latina deverão em breve anunciar a opção por esse novo modelo, em pelo menos uma de suas famílias de moedas. Outras Vantagens Segundo os critérios de qualidade usados pelo BC, estima-se que a média de vida das cédulas de papel alcance entre 11 e 14 meses. Já as notas de R$ 10 impressas em plástico continuam sendo usadas, quase que em sua totalidade, há 49 meses. O custo inicial de produção do novo material é, em média, 70% mais caro, porém, os ganhos aparecem na redução da freqüência de impressão. A segurança também é apontada como um elemento de vantagem na possível opção pelo polímero. Segundo dados do BC, a circulação de notas falsifi-cadas no país bateu recorde no ano passado. Só entre os meses de janeiro e novembro foram recolhidas 428,5 mil cédulas contra apenas 1.046 em 1994, sendo que as de R$ 50 passaram a ser as preferidas entre as quadrilhas de falsificadores. Segundo dados oficiais, até setembro do ano passado, de 253 milhões de cédulas de R$ 10 emitidas em polímero, apenas 8.700 notas haviam sido recolhidas como falsificadas, o que representa 0,0034% do total. Nas estatísticas levantadas pela Securency, nos países aonde a nova tecnologia já vem sendo utilizada as reduções com apreensões atingem cerca de 90% do total circulante. Toda a planta de pesquisas e desenvolvimento de técnicas de segurança da Securency funciona na cidade de Melbourne, na Austrália. Além de imprimir e montar sistemas para bancos centrais, a empresa também elabora novas características que possam ser usadas contra falsificação em documentos importantes como passaporte, escritura, certificados e identidades. Nas cédulas de polímero, por exemplo, essa tecnologia permite a qualquer pessoa, ao colocar a janela transparente da nota em direção a uma luz, enxergar uma figura ou um desenho estabelecido pelo Banco Central de cada país. Este tipo de fator de segurança somente pode ser implantado em plástico. Hoje, diversos países vêm estudando a possibilidade de adotar o polímero em suas famílias de dinheiro. Para o diretor geral da Securency, Myles Curtis, o processo de divulgação dos benefícios destas cédulas leva tempo e precisa passar por uma mudança de cultura de um sistema de uso bem sucedido do papel para uma nova tecnologia ainda melhor. "Estamos trabalhando muito para globalizar esta idéia e mostrar todas as vantagens deste novo processo". Mais de 20 países no mundo já estão experimentando este novo tipo de cédula. Além da Austrália, Nova Zelândia e Romênia que já utilizam o polímero em todas as notas, países como o Brasil, México, Indonésia, China, Malásia, Irlanda do Norte e Vietnã possuem uma ou duas denominações em circulação em fase de testes. A União Européia também estuda a possibilidade de realizar testes para usar este material no Euro. Cédulas brasileiras Em 1942, quando o Cruzeiro foi lançado pela primeira vez, o Brasil não tinha capacidade para fabricar dinheiro, tudo era importado. As cédulas eram produzidas pela American Bank Note Company, dos Estados Unidos e pela inglesa Thomas de La Rue. Após mais de 50 anos de investimentos em tecnologia, hoje, o País possui um parque gráfico com potencial para atender ao mercado interno e exportar. Desde o lançamento do Cruzeiro, no início dos anos 40, o Brasil passou por mais sete reformas de seu sistema monetário: Cruzeiro Novo (1967), Cruzeiro (1970), Cruzado (1986), Cruzado Novo (1989), Cruzeiro (1990), Cruzeiro Real (1993) e Real (1994).
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