- 12 de novembro de 2024
Uma denúncia enviada para Roraima em Tempo nesta segunda-feira (30), apontou que existe um suposto esquema criminoso onde médicos que atuam pelo Núcleo Interno de Regulação (NIR) na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, estão recebendo pelos plantões sem trabalhar.
De acordo com a denúncia, a responsável pelo esquema é a própria coordenadora do NIR, uma médica clínica. Outros médicos também são favorecidos com situação, além de técnicas de enfermagem que recebem dinheiro para bater o ponto pelos profissionais na unidade.
A reportagem teve acesso a uma série de documentos que comprovam a denúncia. A coordenadora do NIR, que também é a responsável por planejar as escalas dos plantões, escala diversos médicos para o mesmo horário sem justificar demanda. No entanto, apenas um profissional é quem trabalha, enquanto os outros – favorecidos – não apareciam na maternidade.
Conforme a denúncia, para registrar a frequência no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), dos médicos plantonistas que não aparecem, a coordenadora pede para que uma das técnicas bata o ponto no lugar dos médicos.
Do mesmo modo, há uma grupo no WhatsApp, onde a médica dá instruções para as enfermeiras de como devem realizar o procedimento. Elas também foram pagas para fazer o serviço.
No grupo, foram enviados os comprovantes das transferências para a conta bancária de umas técnicas em enfermagem no valor de R$ 500 no mês de junho e julho.
Veja prints de conversas:
A denúncia apontou que no esquema, o acordo entre os médicos é que a divisão do dinheiro ocorra meio a meio. No mês de julho, por exemplo, a médica recebeu R$ 34 mil de uma transferência via pix de um dos médicos plantonistas. Assim, o valor seria referente à divisão de um calculo feito de acordo com os plantões daquele mês, pela coordenadora.
Este mesmo médico favorecido pelo esquema criminoso da coordenadora do NIR, também chegou a fazer uma viagem de férias para o Chile entre final de julho e começo de agosto. Contudo, a denúncia apontou que ele continuou recebendo pelos plantões mesmo fora do país, ou seja, sem trabalhar.
O médico aparece em escalas fixas que iniciam das 7h às 13h, 13h às 19h e das 19h às 7h do outro dia, a denúncia revelou que ele também atua no Serviço de Assistência Social da Polícia Militar (PMRR) pelas manhãs em dois dias da semana. E, também trabalha em um hospital da rede privada. Ou seja, há dias em que conforme o relato, não seria possível estar na escala, e ainda assim, apresentar a frequência do ponto sem faltas, como estaria acontecendo.
Veja print de uma conversa datada do dia 31 de julho, do médico com a coordenadora
Em junho, a médica teria informado também, uma escala de 12h em seu próprio nome. Acontece que ela também escalou outros médicos no mesmo tempo e horário, para então, exercerem a função em seu lugar. O denunciante ainda explicou no relato, que a mulher pouco frequenta o setor do NIR e atua na maioria das vezes, quando é acionada.
Na unidade, a denúncia diz que existe a escala de transporte. A ideia é transportar
pacientes com translado inter-hospitalares quando o médico obstetra da assistência não estiver disponível. Situação essa que o denunciante aponta ser raro.
Acontece que a coordenadora usa da escala para beneficiar também os médicos. “Os profissionais não realizaram nenhum transporte comprovado nos dias fixados em escala ou em qualquer outro”, afirma a denúncia.
A médica coordenadora também não teria especialidade registro de qualificação da especialidade (RQE). Ou a certificação de pós-graduação para atuar na escala de especialidade de psiquiatria da maternidade.
Outro ponto apontado no relato, é que a coordenadora é a única envolvida em atividade de preceptoria do hospital materno. Só que ela não teria, a qualificação específica de interesse para a maternidade e tão pouco participa da qualificação dos alunos do internado ou residentes, diz a denúncia.
Como resultado, a médica só estaria no cargo em troca de favores ligados à diretora de ensino da maternidade, finalizou o denunciante.
O denunciante disse que relatou o caso ao Ministério Público de Roraima (MPRR) e ao Conselho Regional de Enfermagem de Roraima (Coren) e à própria Secretaria de Saúde do Estado (Sesau).
Em nota, a Sesau disse que nega qualquer favorecimento na escala de plantão médico do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth e adiantou que um procedimento apuratório foi instaurado para analisar cuidadosamente a denúncia.
“É importante pontuar que a escala de serviço respeita a jornada de trabalho dos profissionais médicos da unidade, considerando o contrato individual e a necessidade institucional”, ressaltou.
A Sesau acrescentou ainda que a assiduidade, pontualidade e a carga horária de trabalho são exigências legais e não compactuam com o possível descumprimento injustificado.
Por fim, esclareceu que o registro de ponto ocorre de forma virtual por meio de um aplicativo de controle institucional, totalmente auditável.
Fonte: Roraima em Tempo