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CONTRATO DE LAVANDERIA

Netão não julga Sesau e critica saúde pública


Conselheiro diz que não julga contas da Sesau e que setor  vive "farra com dinheiro público"

Edesern Lima, Editor

A série ininterrupta de denúncias de irregularidades pesadas que, supostamente, ocorrem na gestão de Cecília Lorenzom, na Secretaria de Saúde, tem despertado a atenção para o teor de contratos firmados com empresas de filhos, sogros, esposas e demais parentes de autoridades e políticos, muito pela "bocada" que esses contratos representam, como de R$ 2,8 milhões da lavanderia de vestuário, toalhas e lençóis do HGR, onde a empresa Olimpo Comércio Ltda, pertencente a João Victor Noleto Souto Maior, filho do conselheiro Netão Souto Maior, do TCE, utilizaria maquinário do governo do estado e as contas de energia elétrica e de água, seriam pagas por você, contribuinte. Logo, as despesas mais caras: água e luz.

E é justamente contratos como esse do filho de Netão, que geram suspeitas e questionamentos, primeiramente, de servidores da Sesau, e depois da própria imprensa que é procurada para questionar a veracidade das denúncias repassadas.

Procurado por mim, o conselheiro Netão Souto Maior respondeu por mensagem de WhatsApp perguntas como se a tal empresa de lavanderia pertence a um filho seu; sobre o fato dele ser conselheiro do TCE e analisar contas de secretarias do governo não causar desconforto ao julgar uma conta de uma pasta que paga pelos serviços da empresa do seu filho; e como ele ver o fato de boa parte da população achar que esses contratos entre o poder público e parentes de autoridades e politicos, são todos "cartas marcadas", numa suposta relação de toma lá dá cá?

Perguntei, ainda, se a empresa de João Vitor utiliza máquinário do governo para o serviço que presta, e se as contas de energia elétrica e água quem paga é o contribuinte?

Pergunta essa que Netão não respondeu. No entanto, o conselheiro apresentou mensagem que enviou a grupo de conselheiros do TCE onde pede atenção especial do tribunal para a "farra com dinheiro público" que ocorre no setor da saúde pública. "Não suporto mais que não tenha uma solução definitiva para a grave crise que a saúde pública de Roraima enfrenta", disse.  
Abaixo a mensagem do conselheiro do TCE ao Fontebrasil:

Bom dia, Edersen,
Sou leitor da sua coluna diariamente e já tinha lido nos dias anteriores publicações suas sobre os fatos, que de todo, entendo pertinentes e muito contribuem para o funcionamento das instituições. Como estou conselheiro, relevante função pública, devo ser constantemente observado para ser cobrado por minhas ações. Entendo, respeito e não deixo de levar em consideração suas e outras publicações.

Respondendo às suas perguntas, afirmo que quando soube que meu filho tinha contrato com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), em 20 de maio de 2020 me dei por suspeito em relação a todos os processos relativos à Sesau, não só o do meu filho. Agi assim para que a Secretaria ordenadora de despesas e pagadora dos contratos do meu filhos não ficasse sob minha jurisdição, e não pairasse dúvidas sobre a minha atuação como conselheiro.

Tal suspeição é estendida a todo secretário (a) e toda Secretaria de Saúde em todos os anos que perdurar o contrato do meu filho.
Quando li sua primeira mensagem, imediatamente, encaminhei para o grupo de conselheiros que temos aqui em Roraima, bem como a minha manifestação sobre a publicação. Encaminho cópia com a presente.

Com relação à secretária Cecília Smith Lorenzon, mesmo não sendo inquirido por você, esclareço que tive contato com ela três ou quatro vezes, quando era relator da Saúde, sempre acompanhado por técnicos e os assuntos tratados eram sobre contratos, porém, nunca foi mencionado o contrato da lavanderia do meu filho. Suponho até que, quando a recebi, ainda não tinha sido efetuado.

Um outro contato que tive com a senhora Cecília Smith Lorenzon foi em uma tarde quando ela me telefonou, usando de uma intimidade que não tínhamos e nem temos, informando que teria ido à Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre contratos na Saúde e lá, dentre outros contratos, foi perguntado pelo contrato do meu filho e que teria dado explicações sobre a regularidade do mesmo, se colocando à disposição para que eu e meu filho nos reuníssemos com ela. Ocasião em que informei que ela estaria enganada, que não conhecia, e nem tinha interesse em conhecer, o contrato, nem os esclarecimentos que ela deu à Polícia Federal.

Respondo também a você que: não concordo com apadrinhamentos e repudio todos os contratos feitos à margem da lei; que nunca pedi a qualquer autoridade para beneficiar pessoas com contratos ou empregos; que não tenho conhecimento sobre as cláusulas do contrato do meu filho.

Esclareço que, como cidadão, não suporto mais que não tenha uma solução definitiva para a grave crise que a saúde pública de Roraima enfrenta. Quando há uma má administração no setor público, a responsabilidade recai sobre a autoridade que a nomeou. Quando, além da má administração, nos deparamos com corrupção a responsabilidade, além da autoridade política que a nomeou, é dos órgãos de controle interno e externo, que por conta da burocracia demoram a julgar os administradores.

Estou à disposição de você e de qualquer jornalista para esclarecer assuntos que me competem como agente público.
Forte abraço,

Abaixo, mensagem que o conselheiro Netão Souto Maior encaminhou ao grupo de conselheiros do TCE:
"Caros colegas os absurdos de denúncias que envolvem a secretaria de saúde do estado, ao meu sentir merece uma atenção especial do tribunal no sentido de parar a farra de dinheiro público ou para dizer que não há farra com o dinheiro público. É só uma ideia pois como sabem me dei por suspeito em processos dessa pasta, desde que meu filho como empresário passou a ter contrato com a mesma."

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