A portaria editada pelo Ministério da Saúde e Funai no início de fevereiro vetando o acesso de religiosos e uso de referências religiosas na Terra Indígena Yanomami por conta da crise sanitária e humanitária sofrida pelos indígenas por causa do garimpo ilegal, provocou o protesto do deputado Pastor Diniz.
Essa medida, segundo ele, está acendendo um princípio de conflito entre as congregações religiosas e esses órgãos governamentais subsidiados pela União.
“Essa ação além de ser inconstitucional, pois limita a prática da liberdade religiosa, quer restabelecer uma espécie de tutela entre os povos indígenas, no que diz respeito aos modos de pensar, agir e sentir. Vilanizar a ação missionária, e o proselitismo religioso, nas comunidades indígenas nesse momento, é usar de subterfúgios para não encarar os problemas reais que assolam a terra yanomami, ressalta o parlamentar”, disse o deputado.
Ele ressalta que o trabalho da igreja nas comunidades indígenas, vai além da missão religiosa, atuando também nas áreas de assistência médica, alimentar, dialogando também com a questão cultural.
“O trabalho missionário em terras indígenas historicamente já passou por vários modelos, mas o que essa portaria parece demostrar é que tanto o ministério da Saúde quanto a FUNAI, não estiveram atentos a essas mudanças. De um modelo anterior de imposição de fé, hoje se faz em comunidades indígenas o que chamamos de missão transcultural. A ‘transculturação’ missionária passa pela tradução cultural da religião evangélica à indígena”, explicou.
Para Diniz, tanto a cultura do missionário quanto à cultura indígena são vistas como equivalentes, e a religião evangélica é vivenciada dentro da própria cultura indígena. “Portanto, não podemos aceitar esse tipo de ação advinda desses órgãos públicos, sobretudo, eles não estão acima da Lei Mãe (CF), vamos lutar pela revogação dessa portaria, e exigir nossos direitos constitucionais”, destacou o parlamentar.
ASSEMBLEIA DE DEUS – Pastor Diniz é representante da Igreja Assembleia de Deus em Roraima, membro da bancada evangélica no Congresso Nacional. No estado, a Assembleia de Deus foi fundada em 1915, e há 23 anos é dirigida pelo pastor Isamar Ramalho, que vem realizando, ao longo desse tempo, obras estruturantes em todos os municípios, inclusive, nas comunidades ribeirinhas, indígenas, como também, para tribos mais afastadas, como é caso do povo Yanomami.
“A igreja Assembleia de Deus nunca mediu esforços para evangelizar enviando seus missionários, sobretudo, sempre focou no seu papel de levar a Palavra Sagrada aos rincões da região, é o caso do Baixo Rio Branco. Para tanto, sempre teve o direito líquido e certo garantido pela Constituição Federal de ir e vir no território nacional. E esse direito se estende ao direito à cidadania, à educação, ao trabalho, à seguridade social, ao meio ambiente, à sustentabilidade econômica, à cultura, à liberdade religiosa”, comentou Pastor Diniz.