- 26 de novembro de 2024
REVERBERAÇÃO
JOBIS PODOSAN
Uma das delícias da vida, para alguns, consiste em fazer o mal. Quando se o pratica sente-se a delícia de estar enfiando a faca nos outros e vendo o outro se contocer, gritar e gemer. Muita gente aprecia esse prazer repulsivo aos olhos e ouvidos dos bons. Pessoas de índole má perdem a capacidade de refletir e passa a gozar os prazeres de fazer os outros sofrerem pela suas ações.
Mas existe a lei do retorno ou lei da causa é efeito, lei natural e de observância obrigatória, que pode ser assim anunciada: "tudo que você planta você colhe, se você plantou amor, você vai colher amor, agora se você magoou, machucou alguém, um dia você vai colher essa mágoa também. Sabe porque? Porque tudo que você planta você colhe um dia".
A lei do retorno se aplica a quem nela acredita e a quem dela desdenha. A lei do retorno é uma lei moral, de observância obrigatória, não no sentido de repelir a sua violação, porque as leis divinas se aplicam a quem tem e a quem não tem fé, somos livres para adotar o comportamento que escolhermos, mas a nossa liberdade acaba aí, uma vez que não podemos controlar as consequências depois de violada a lei.
As responsabilidades, inexoravelmente, virão, embora o cético possa delas debochar ou não acreditar, porque os seus sentidos estão encobertos pelas escamas nos seus olhos. A primeira vez que ouvi falar na Lei do Retorno foi numa conversa com o imenso prof. Benedito Araújo. Conversávamos sobre a morte repentina de um homem ainda jovem, um homem de estatura fisica enorme e gostado por todos. Era o chefe do refeitório e, um dia, estando a sós consigo mesmo no refeitório, resolveu levar para casa uma lata de óleo de cozinha. Na certeza de que ninguém daria pela falta, pois era apenas uma lata de óleo, coisa de somenos. Ele esqueceu que ELE PRÓPRIO estava lá e, não sendo criminoso, sua tábua de valores o condenaria.
Foi o que aconteceu e o que foi feito entre quatro paredes, tornou-se público. O espanto de todos foi grande, porque aos justos a falta atinge o âmago, a alma. Poucos dias depois esse gigantesco feixe de músculos sucumbiu à lei da causa é efeito. Morreu, por não suportar o peso da responsabilidade sobre os ombros. O mestre Benedito foi taxativo: soçobrou à lei da causa e efeito, vítima da tentativa de violar a sua decência interior atrás de uma vantagem de somenos.
A lição a tirar dessa história é o cuidado que devemos ter com as leis morais, porque, se a lei dos homens pode ser violada e não haver punição, isto não ocorre com as lei morais, porque estas não dão opção ao violador, a consequência é inexorável. Atualmente as leis morais estão sob fogo cerrado, chegando alguns a afirmar que se trata de bobagem. Agora, cabe perguntar: quantos ex-governadores do Rio de Janeiro foram presos nos últimos 20 anos por violação das leis morais? Observe-se que as punições que sofreram foram penas criminais, perderam a liberdade por algum tempo. Mas a punição moral não os deixará jamais: eram príncipes e viraram sapos, sem ofensa ao batráquio.
O mundo moral sempre manda a conta, especialmente aos sabidos, que imagina serem os demais são apenas tolos prontos para serem enganados. O mundo é dos bobos e puros de coração, não há nada mais precioso do que está convicção.