- 26 de novembro de 2024
Complicação futura
Para quem tem mais de 20 ações eleitorais pesadas para responder na justiça eleitoral, entre elas o pagamento irregular de precátório que beneficiou um aliado que torrou R$ 19 milhões em dois dias, faltando uma semana para a eleição, e isso despertou fortes suspeitas de compra de votos, Antônio Denarium pode ter sacramentado sua cassação depois de dizer que os yanomami tinham que ser aculturados e "deixarem de viver que nem bichos."
Difícil, diante do entendimento praticamente geral do judiciário brasileiro contra as mortes de yanomami e contra todo o descaso contra eles, que um governador que apoia o garimpo ilegal que desmata e contamina os rios, tire por menos as mortes de crianças yanomami alegando que "desnutrição tem em todo o país".
"A situação do governador Denarium quanto ao inevitável julgamento que ele enfrentará no TSE, pode complicar com essa fala imprudente dele, porque julgamentos na justiça eleitoral não se concentram apenas no que consta no processo, pesa a força política de quem está sendo julgado, seja pelo seu nome, seja pelo partido e grupo político que ele faz parte", comentou um ex-procurador da República com vasta experiência no TSE.
Segundo a fonte, os ministros do TSE tendem a analisar, também, "fatores paralelos como, no caso de Denarium, que é um governador bolsonarista, que se mostra negacionista da questão indígena onde o caos salta aos olhos de todos, e foi desrespeitoso para uns e desumano para outros quando considera que os yanomami vivem que nem bicho."
Para o ex-procurador, "nada pior que um político réu mau visto pelo tribunal", porque isso pode somar na análise que os ministros vão fazer sobre as acusações que Denarium responde, e como será deixá-lo no poder.