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OPINIÃO FORMADA

Festival bizarro de declarações absurdas


Festival bizarro de declarações absurdas

É difícil de acreditar que um governador desconheça tanto sobre a realidade do estado que governa, bem como da história recente da política no Brasil, ao mesmo tempo como consegue ser tão mal assessorado.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Antônio Denarium, disse que a crise humanitária e sanitária que atinge os Yanomami é um problema “localizado”. Ou seja, "restrita a alguns grupos", como se tudo bem que 570 crianças yanomami tenha morrido nos últimos quatro anos por falta de medicamentos e alimentos. Já que é só um grupo.

Denarium joga a responsabildiade pelos yanomami para o governo federal. Ocorre que, ele, governador e comandante das Polícias Civil e Militar não promoveu operações de destruição de pistas clandestinas em Boa Vista, no Cantá, em Alto Alegre, em Mucajaí e outras localidades, onde aviões partem com garimpeiros, com materiais de garimpo, alimentos e armas para os garimpos dentro das reservas indíegnas.

Isso é prevaricação, governador. Você não tem um advogado que lhe explique isso?

E pior, Denarium, de certo modo, incentivou o garimpo ilegal, e consequentemente, contaminação de rios e peixes por mercúrio, além de doenças que atingem os índios.

Vejam só, meus amigos: achando que tinha uma grande analogia pra exemplificar, Denarium pediu: “Imagine você, desempregado, passando fome, doente. Dentro da sua casa tem um quadro do Picasso que vale US$ 1 bilhão. O que você faria? Venderia. Aí pega o dinheiro e melhora sua qualidade de vida. Igual os indígenas americanos”.

Quanta asneira, governador. Esse exemplo é horrível, porque se os índios estão em situação ruim como um homem branco desempregado e doente, os índios vivem precariedade porque estão lhe roubando a vida, lhe tirando a casa em que vivem. E mais, tirar o ouro - ou vender o Picasso deles - dessas áreas é matar rios, a flora e fauna e os próprios yanomami.

O branco, sim vende o quadro e se trata. Mas yanomami, pra vender o ouro que tem na sua reserva ele destrói a sua casa e depois se mata envenado por mercúrio do garimpo. Viram que analogia desconexa?

E mais uma coisa Denarium, os EUA, primeiro, exterminaram as grade nações indígenas, e o que sobrou, não restou nada a fazer a não ser ser aliar ao que os brancos queriam.

Pra encerrar esse festival bizarro de declarações absurdas, Denarium disse: "Desnutrição tem no Brasil inteiro", ou seja, dane-se o yanomami que tem organismo muito mais frágil que o homem branco.

Sabe que comparação dá pra se fazer disso?

Se a filha de um pedreiro ou de um professor ou de um deputado for espancada até a morte por uma homem, Denarium vai dizer, "assassinados de mulheres tem no Brasil inteiro".

Agora, a gente entende porque em Roraima tanta gente já morreu no HGR por fata de cirurgias e medicamentos sem que nada tenha mudado nesses quatro anos de governo de Denarium. É que "mortes em hospitais tem no Brasil inteiro", não é?

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