- 26 de novembro de 2024
PENSARES
JOBIS PODOSAN
CONFIANCA
Quando fui para o quarto Btl, em Alagoinhas-Ba, com o Cel Sinfrônio, fui nomeado Secretário do Btl e fui encarregado de minutar as soluções de sindicâncias e inquéritos. Assim fazia e submetia ao Cmt, que as lia atentamente, alterava aqui e ali e eu refazia na secretaria. Sinfrônio foi promovido e em seu seu lugar assumiu o TC Edgard Marinho Pimentel, que não era oficial oriundo da APM, chegou por decisão judicial. Pessoa bonissima que me manteve na mesma função. Na primeira vez que submeti a ele as minutas de algumas sindicâncias e inquéritos, pegou as minutas e ia simplesmente assinar. Eu o interrompi e disse-lhe que se ele assinasse sem ler poderia cometer o grave erro de jogar a responsabilidade sobre mim, o que me obrigaria a pedir para sair da função. Ele se assustou e me disse que assinaria porque confiava em mim. Eu rebati dizendo que a prova de confiança era ele ler e censurar, porque aí a decisão passaria ser dele. Quem tem a obrigação de saber deve saber, ou então está no lugar errado. Foi uma experiência singular.
DENTRO DA LEI, SEMPRE
Com a lei, pela lei e dentro da lei, porque fora da lei não há salvação, ensinou-nos o grande Rui Barbosa. Quando pregamos a ruptura da ordem jurídica estamos apenas postergando o desenvolvimento da sociedade.porque a normalidade só virá após o restabelecimento do direito. A força pode até romper momentaneamente o direito, mas o direito se restabelecerá, inexoravelmente, mesmo deixando atrás o rastro de sangue. Somos prova disso. Tantas vezes quebramos a ordem jurídica e outras tantas restabelecemos. Então o sintoma mais evidentemente racional de fazer evoluir a sociedade é respeitar as leis e fazer as mudanças dentro e pela lei. Entre a força e o direito, a única opção é o direito. A luta é pelo direito e não pela força, que é sempre momentânea e provoca situações que levam também à força.
IGUALDADE RELATIVA
A palavra a definir a nossa essência é idiossincrasia, que vem a ser o modo peculiar de nos caracterizar perante todas as demais pessoas. Quando usamos a palavra igualdade perante a lei isto que dizer que a lei não nos distingue uns dos outros. Porém, mesmo perante a lei, a depender da situação jurídica de cada um, a lei nos trata desigualmente, na medida que nos desigualamos. A igualdade jurídica é uma realidade e um sonho, porque há situações nas quais a lei permite a desigualação. A regra na natureza é a desigualdade, a igualdade é uma situação jurídica. A igualdade e sempre relativa e não absoluta.
DE ONDE NÃO SE ESPERA
De onde não se espera é que nada sai mesmo. Quando foi que Bolsonaro teve a estatura que seus seguidores atuais lhe reconhecem? Chegou ao podium , mais devido à facada do que pelo mérito das suas ações pretéritas. A facada foi determinante para a sua eleição. Pode-se até dizer - e há quem diga - que a facada foi tão oportuna que chegava-se a desconfiar da sua existência. Não penso assim. A facada existiu, já que não seria possível esconder isto de tanta gente, até personalidades médicas que não podiam perder suas carreiras numa invenção desta, principalmente porque, naquele momento a eleição do esfaqueado era improvável e pessoas notórias jamais colocariam sua vidas na mentira do capitão. A fuga para não comparecer à posse veio a provar que o valente não era tão corajoso assim. Primeiro foi a não reação à cusparada na cara que lhe desferiu o deputado Jean Willis e agora a fuga para exterior deixando a seus seguidores a árdua tarefa de explicar inexplicável.
MUDANÇA DE FOCO
A força mudou de lado. Pra derrubar o atual governo a força deve ceder lugar a astúcia. Já foi feito com Collor. Os petistas são tão gulosos que o olhar atento aos atos do governo, logo revelará os crimes de responsabilidade. Força contra o governo, que também controla a imprensa, é dar vitórias sucessivas para eles. Eles são gulosos e a democracia é autolimpante. E ter paciência de enxadrista que logo eles caem, sem precisar derrubar a constituição. É só vigiar para depois punir. Eles são néscios, sempre batem na mesma tecla. O direito, ao contrário da força, exige paciência, porque o direito é manietado pela constituição, que exige o devido processo legal. É mister ter paciência A força produz efeitos rápidos, porém efêmeros e destrói tudo a sua volta. Sabe-se como começa, mas não como termina, porque a força exige cada vez mais força e a violência logo chega e a violência ilegítima a força.
A história está repleta de casos nos quais o garrancho derruba a panela.