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ORÁCULO

Brasil é terra de tirar e não de pôr


A DESNACIONALIZAÇÃO
JOBIS PODOSAN

O futebol do terceiro mundo está sendo desnacionalizado. Para compreender o problema precisamos primeiro entender questão da colonização. Nesta, os países colonizadores invadem material ou intelectualmente, ou os dois, e exploram as riquezas dos países  colonizados e levam a riqueza destes para a matriz e deixam aos colonizados a dominação física e mental, matando ou desvirtualizando os explorados, que passam a crer que os exploradores são amigos. A mente do país colonizado nunca será altaneira. Veja-se o caso nosso com Portugal. Os portugueses nos exploraram de 1500 a 1889 (quase quatrocentos anos), quando finalmente, deixamos de ser governados por eles. E, hoje, chamamos Portugal de terra mãe, quando nem madrasta poderíamos considerá-los. Levaram tudo de nós e colocaram na nossa mente a ideia de dependência, de um povo que existiu e existe para ser tutelado. E nós os tratamos como benfeitores, de   mentalidade prejudicada e obscurecida.
Qualquer jogador, em qualquer parte do mundo que se destaque nos clubes dos seus países, devem ser atraídos para os clubes de países do exterior, com alta remuneração, para perderem a nacionalidade, substituída pela fama e pelo dinheiro, devendo, inclusive, levar suas famílias, para adaptá-las ao país estrangeiro, de modo a quebrar o sentimento nativista, restando aos demais  brasileiros, que sofrem pela "sua" seleção, o sentimento de frustração, enquanto os jogadores logo se conformam e passam a falar da próxima copa. Eles todos recebem o que aqui nunca tiveram, alguns deles até avião passam a possuir, sendo certo que conforto em excesso significa esforço de menos. Tornam-se meninos ricos e mimados e passam a ver o Brasil como o país visto pelos estrangeiros: um fim de mundo. Depois do êxodo maciço até de jogadores medianos, o futebol brasileiro brasileiro passou a ocupar um lugar que o vem colocando entre os oito melhores do mundo, mas nunca entre os quatro. Nesta copa perdemos para a Croácia, mas o comentário sarcástico dos europeus foi de uma falsa surpresa.
Bom, se esse é o problema, qual seria a solução? A atratividade dos salários e condições européias são inescusáveis, não sendo possível proibir os jogadores aceitá-las. Então fazer o quê? Penso que quem estiver num clube estrangeiro no momento da convocação da seleção brasileira para a copa, desde as eliminatórias, não deve ser convocado. Cabe ao jogador fazer a escolha se deve ou não integrar a seleção canarinho. Do jeito que vai vamos em breve passar a ser eliminados na fase de grupos, pois tivemos um desempenho já sofrível nesta copa.
Está havendo também a importação de técnicos estrangeiros em demasia, todos
os grandes clubes já tiveram ou estão em vias de ter técnicos estrangeiros, que chegam aqui passam uma temporada e vão embora. Jogadores europeus que não vêm jogar no Brasil, talvez passem a vir, a peso de ouro, para jogar depois de velhos. Os treinadores brasileiros passaram a ser ridicularizados, até pelos nomes profissionais que adotam. Jogador pode ter nome até ridículos
(garrincha, Pelé), mas treinadores, convenhamos, é demais e, pior ainda, quando ele desce da liderança para fazer papagaiada com os jogadores.
Não demora, se é que não já chegou, de o resto do mundo ficar fazendo gozação com a seleção brasileira, dizendo ser ela favorita, enquanto os jogadores "favoritos", de cima dos cascos, apanham para valer.
Escrevi alhures que o Brasil é terra de tirar e não de pôr. Tiraram o Pau Brasil, o ouro, o couro, o cacau, a cana de açúcar, as inteligências mais brilhantes, as ideias nacionais e, agora,  levam nossos jogadores de futebol, mal saídos da infância. Dentro em breve superação os brasileiros em copas ganhas e nós  voltaremos a olhar para as várzeas brasileiras atrás de craques que saibam jogar futebol e não sejam apenas produtos de mídia, cujo futebol talvez mereçam um "baba" de praia e mais nada. Quem é mesmo a que jogador que bateu o primeiro pênalti contra a Croácia, alguém lembra?

PS - assistindo às quartas de finais, um pouco de alegria invadiu meu coração: pelo menos nos poupamos de levar outra goleada vergonhosa da França ou da Argentina (meu Deus!), como foi no jogo contra a Alemanha, aqui dentro do Brasil, em 2014.

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