00:00:00

ORÁCULO

Ou se é honesto ou desonesto


HÁ GENTE SENSATA
JOBIS PODOSAN

A honestidade não tem gradação. Não se pode ser mais ou menos honesto. Ou se é honesto ou desonesto. Também a desonestidade não tem graus, uma vez provada a prática de um único ato doloso desonesto e a desonestidade se revela por inteiro. A desonestidade é compulsiva e só o próprio indivíduo pode afastá-la de si, mercê de Deus.

Entre os quatro candidatos mais bem classificados na corrida presidencial, a desonestidade e a corrupção reverberam em dois. Em um deles ela transborda. Ele foi condenado em três instâncias e os processos foram anulados pela Corte Suprema, por um vício formal, mas os fatos a ele imputados não foram negados jamais. O outro, vai sendo destruído pelas diversas famílias a que pertence, tendo de se justificar a cada passo. O mais bem classificado, perdeu-se totalmente. Está dizendo que foi julgado e absolvido, na intenção clara de abusar da boa-fé dos brasileiros que em certo momento acreditaram nele. Quando ele foi julgado no mérito foi condenado em três instâncias. Foi condenado pelo Juiz de Primeiro Grau, pelo Tribunal de Segundo Grau, pelo Tribunal Superior de Justiça e até pelo Supremo Tribunal Federal. Depois de condenações diversas, o STF "descobriu" que o juiz federal do Paraná não era competente para julgar o ex-presidente, uma firula processual que só, talvez, o homem vitruviano possa compreender. Faz campanha dizendo-se inocente quando, na verdade, a "inocência" foi meramente processual, ficando com o produto dos seguidos ataques aos cofres públicos, para desfrutá-los tranquilamente e ainda querer voltar à Presidência para continuar o saque dos cofres públicos, pertencentes aos "bobos da corte", que, no fundo, o veem uma espécie  Hobin Hood, que rouba dos ricos (O Estado) para dar aos pobres (eleitores maioritários). Só que é um herói que rouba o que é de todos, distribui migalhas aos donos da res furtiva e refestela-se com seus amigos e aliados, saboreando os milhões da esperteza (declarou à Justiça Eleitoral bens no valor de mais de 7 milhões de reais!!!). Dá dó ver políticos que já foram contrários ao meliante agora fazerem parte do conluio com a cara mais limpa do mundo, bendizendo aqueles que antes amaldiçoavam. A proximidade dos cofres nas mãos de alguém que tem o dom da palavra, mas é culturalmente cego, fez esboroar os escrúpulos, ampliou a riso, perdeu-se a honra e a vergonha de ser honestos, parafraseando o Águia de Haia. É tanta gente louvando o “esperto” que ficamos estupefatos com tamanha cara de pau.

Que tipo de gente somos nós?

Por outro lado, o segundo colocado nas pesquisas, ao par de ameaçar a existência do Estado, quer converter o povo brasileiro apenas nos militares que, essencialmente, são apenas a segurança do Estado, colocando o acessório na frente do principal. O Presidente, em exercício, só vê uma única possibilidade nas próximas eleições: somente serão válidas se ele ganhar, não havendo, na sua cabeça confusa, a alternativa de ele perder as eleições, erguendo as bananeiras da nossa estremecida República. Aconselhado por áulicos  castrenses que se estão refestelando no poder, com salários dobrados e benesses mil e pelos filhos, que já detonaram  antecipadamente a decantada pureza de intenções presidenciais, cometendo o mesmíssimo erro do ex-presidente metalúrgico e, até, de Getúlio Vargas, que soltaram os filhos no pátio das indignidades, diluindo a honra na ambrosia do poder paterno, o Presidente vai construindo a sua tese defensiva invadindo competências do Poder Judiciário, pretendo ser o juiz da sua própria causa. Esse amor filial, que fez o ex-metalúrgico dizer que viraria bicho se se metessem com a sua família, que fez Getúlio perder a compostura e a matar-se, está levando o Capitão Presidente a tentar destruir a honra das Forças Armadas e a comprometer generais tidos como incorruptíveis, jogando uns contra os outros  e levando  vários deles a se  afastarem dos odores pútridos emanados do poder presidencial.

De tempos em tempos, aqui na América do Sul, generais são tentados a se considerarem a nata da nação e crer que a força é a solução de qualquer problema. Observando a experiência histórica tais militares fazem, de tempos em tempos, a desgraça da nação e fracassam porque a nação é civil e é o poder civil, que tudo produz e para quem tudo se destina, tentam abocanhar o poder político usando a força. Foices, martelos, canhões, balas e truculência não têm a função de prover as necessidades do país, tampouco militares, seja qual for o seu posto ou graduação, jamais assumem os cargos de governos do país, fundados unicamente na carreira a que pertencem. Eleitos pelo titular do poder (o povo), despem as suas fardas e são tão somente cidadãos a serviço desse mesmo povo, o verdadeiro patrão. Sequer são titulares, mas meros representantes do povo, com data para entrar e data para sair. Se um militar, pela força, assume o poder, o usurpa do povo e jamais se torna titular do poder. É por isto que o poder tomado pelas armas nunca se estabiliza, porque não tem fonte legítima. Tende a necessitar cada vez mais força para se manter, o que ocasiona suplício e matança daqueles que se opõem a força como razão do poder. Esse tipo de poder tende a engolir os seus defensores, quando os olhos se abrem e a realidade descortina o horizonte.

O poder cidadão não pode ser abocanhado por uma classe, seja ela qual for. Um médico que é eleito presidente, ou para qualquer cargo eletivo, não ê um médico no poder, mas um cidadão, igual aos outros, que recebe destes delegação temporária para representá-los. É erro crasso que o representante eleito queira tomar o poder como se este fosse uma ramificação da sua profissão. O Estado é de todos e não uma peça à disposição de sindicalistas, militares, ou outra classe qualquer.

Num país livre não há monopólio da verdade. Ninguém dela se apropria para tirar proveito pessoal. A verdade decorre do exercício de competências que são orgânicas e não pessoais. Assim, por exemplo, não cabe ao presidente da República decidir se uma eleição foi fraudulenta ou não. Esta competência foi atribuída ao Poder Judiciário, mediante provocação de quem tenha legitimidade para tal, obedecendo o rito processual adequado e o contraditório.  Se o Presidente ameaça não obedecer o resultado das urnas está tão somente ameaçando ou já cometendo crime de responsabilidade, além de projetar tão somente a imagem de um despreparado para as funções presidenciais e projetando a imagem de alguém que jamais leu a constituição e/ou não sabe o seu significado, apesar do longo tempo que esteve no Parlamento.
          Os simpatizantes de cada um desses dois candidatos só veem o que de bom revelam, deixando de lado os indícios e evidências que revelam o estonteante despreparo de ambos. Um quer saquear o Estado e o outro pretende destruí-lo rasgando a Constituição.

No nosso regime constitucional não há poderes de correição dos Poderes Legislativo e Executivo sobre o Poder Judiciário. Assim, o Presidente da República não pode se atribuir poderes de fiscalização de legalidade sobre os atos dos outros poderes. Havendo indícios ou provas de ilegalidade nas urnas eletrônicas, esses indícios e provas devem instrumentalizar a ação judicial para que, quem tenha legitimidade, leve esses indícios e provas ao Poder Judiciário para que este poder diga se houve ou se há ilegalidade a corrigir. Esta decisão do Poder Judiciário não pode ser revista pelos outros dois poderes, porque o judiciário fala por último. A aceitação do sistema constitucional elimina o personalismo que leva às lutas pelo poder. É assim que um país caminha para o desenvolvimento e não com aventuras personalistas de pessoas ou classes.
Se, durante a campanha eleitoral, percebemos os fatos acima narrados, vamos buscar no quadro de candidatos à nossa disposição no primeiro turno quem possa nos representar sem colocar o Estado ou à economia da nação em perigo de destruição. Há gente sensata entre os candidatos, é só escolher entre estes.

Últimas Postagens