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Opinião Formada

Cadeia também existe para eles?


Cadeia também existe para eles?

\"\"Edersen Lima, Editor

Rio de Janeiro - Pode parecer absurdo mas a ditadura militar (1964-1985) serviu mais para conter improbidades administrativas e desvio de dinheiro público que toda a cobrança por transparência no trato com a coisa pública que vigora hoje no país. Como? Simplesmente porque havia maior fiscalização do governo de plantão sobre todos os ganhos e gastos dos políticos brasileiros.

Quem sabe não estejam aí os motivos para que os senadores e ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor  defendam com unhas e dentes o sigilo de informações sobre os bastidores do poder? Imagine, amigo leitor, as informações sobre os ganhos e gastos das famílias de Sarney e de Collor e de como construíram seus impérios vindo à tona?

O que ocorria naqueles anos era um fiscalização intensa e constante sobre os políticos, empresários e servidores públicos. Em cada agência bancária, em cada cartório de imóveis, em cada empresa e em cada repartição pública havia um, dois ou mais agentes do governo infiltrados especialmente para acompanhar as perdas e ganhos de políticos, empresários e funcionários públicos. Corrupção até ocorria, mas dentro do pleno conhecimento do governo militar que, com certeza, documentou tudo.

Devido a esse "big brother", o político, principalmente o de esquerda que não tinha acesso nenhum à bocada nenhuma, tinha que ser honesto, sério e limpo. Se metesse a mão na jaca envolvido em algum esquema, era pego e exposto. Isso porque, diferente de hoje que qualquer visita à conta bancária ou declaração de renda na Receita Federal de qualquer pessoa é automaticamente registrada por sistema de segurança. Na ditadura militar, esses "baculejos" eram feitos diretamente nos ficharios dos bancos e da Receita a qualquer hora do dia sem qualquer registro da fiscalização.

Assim,  com total poder de conhecimento sobre quanto ganhava e o que a família do político, do empresário e do servidor público comprava e vendia em termos de móveis e imóveis, o governo da época impunha respeito e temor muito - mais muito - maiores que a Receita Federal e a imprensa impõem hoje a tais figuras.

Não se defende aqui os anos de chumbo e muito menos concorda com os atos violentos cometidos nos porões daquela época. O que não concordo é com a falsa impressão de que, por natureza, o político de antigamente fosse menos corrupto que o de hoje. Se parece isso, é só porque era mais vigiado, acompanhado. Era, na verdade, obrigado a não sê-lo pois sabia que a punição em caso de flagrante era uma só: cadeia. Só isso.

E se por um lado hoje a transparência - ou falta dela - não pega ninguém, na outra ponta da linha a Justiça se mostra leniente e ineficiente em cumprir sua missão. Pergunto: Quantos políticos corrutos são exemplos de que cadeia também existe para eles?

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