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FRANCISCO ESPIRIDIÃO

Velho Oeste? Aqui não!


Velho Oeste? Aqui não!

O jornalista Amílcar Júnior, editor do semanário Monte Roraima, denuncia estar recebendo constantes ameaças de morte. Afirma ter sido alvo de pistoleiros há coisa de 15 dias. Um indivíduo teria atirado contra ele, quando chegava em casa, por volta das 2h.

A notícia, ainda que com certo atraso, plantou na classe de jornalistas um misto de surpresa e indignação. E não era para menos. Todos sabem da seriedade com que Amílcar desempenha seu papel na imprensa roraimense, apesar de seu jeito despojado e alegre.

Dono de um texto que mistura refinado humor com verdades que muitos se privam de sequer pensar, muito menos relatar, Amílcar faz parte de um pelotão de profissionais que honram o que fazem. Trata-se, sem dúvida, de um jornalista íntegro e combativo.

A surpresa maior está em que, a essa altura do campeonato, ainda corramos nós, profissionais de imprensa, o risco de sermos assassinados em razão daquilo que pensamos e escrevemos, a exemplo do que ocorria nos nefastos anos de chumbo, tempos do defenestrado AI-5.

Não há nada mais démodé que se tentar calar jornalistas à boca de fuzil ou à baioneta calada. Se os jornalistas se calarem, será como se se decretasse o extermínio dos gatos. Os ratos tomariam conta do pedaço, fazendo o despojo daquilo que ainda resta de digno e ético na sociedade.

A denúncia de Amílcar Júnior deve ser muito bem investigada. É fato. Mais que à classe a qual pertence, uma elucidação segura e urgente interessa a toda a sociedade roraimense.

Com a palavra, pois, o Ministério Público, a Polícia e, principalmente, a Comissão de Direitos Humanos da OAB. Afinal, Boa Vista ainda não é o “Velho Oeste".  

(*) Jornalista; autor de “Até Quando?” (2004) e “Histórias de Redação” (2009); e-mail: [email protected]; blog: www.franciscospid.blogspot.com

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