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FRANCISCO ESPIRIDIÃO

Sou gordo, sim, e daí?


Sou gordo, sim, e daí?

Estudo divulgado no domingo (21/2), na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), indica que a pobreza pode deixar profundos e permanentes efeitos biológicos em crianças pequenas (Matéria completa no JB Online desta segunda-feira).

Reflexos da falta de recursos para o atendimento das necessidades básicas durante a tenra idade (até os 5 anos) são, segundo o estudo, vistos de forma contundente na vida adulta. Uma das terríveis sequelas é a obesidade.

Aí, fiquei pensando: será que sou gordinho hoje (106 quilos distribuídos em uma estatura de 1m74) porque naquele momento "crucial" de minha vida a coisa andou "braba"?

Taí! Achei a justificativa para fazer com que a Eliana não tente mais me controlar à mesa. É tudo um reflexo da minha vida pregressa. Não tenho culpa. Vem do tempo em que eu ainda não tinha condição de decidir coisa nenhuma. E pronto!

Ah, como eu gostaria que fosse tão simples assim! Mas não posso negar, a obesidade é coisa que me preocupa, sim. E muito. Principalmente depois de ver algumas reportagens na TV sobre pessoas que sofrem horrores com os seus maléficos efeitos. 

Doenças decorrentes da falta de controle da boca são cruéis. Diabetes, pressão alta, doenças coronarianas, e por aí vai, descambando, quase sempre, no estágio de morbidez, sendo necessária a realização de cirurgia para retirada de parte do estômago.

Não sei o que é pior: ser gordo por comer cinco vezes por dia ou magérrimo por habitar regiões onde comida é artigo de luxo, tão escasso que aparece uma vez a cada cinco dias. E em quantidade insuficiente.

Aliás, o Brasil é o país dos gordinhos. E nem por isso toda a população é formada de  ricos. Os petisitas dizem que é resultado do "bom governo". A revista Hebrom, em sua edição de n.º 40 (Março/Abril de 2009) mostra que os obesos somam 13% da população, recaindo maior fatia sobre as crianças: 15%.

Mas nem tudo está perdido. Temos ainda uma saída. Votem em mim. Se eu for eleito, prometo transformar todas as minhas eleitoras gordinhas em Giseles Bundchens e meus redondos correligionários em autênticos Reinaldos Gianecchinis.

Pronto: eis aí a minha propaganda política extemporânea. Todos os políticos fazem e não têm problemas com a Justiça Eleitoral, por que eu iria ter?

 

(*) Jornalista, autor de Até Quando? (2004) e Histórias de Redação (2009); e-mail [email protected]; blog: www.franciscospid.blogspot.com.

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