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Escolas de samba sim, pois cultura não pode morrer!


Escolas de samba sim, pois
cultura não pode morrer!

Como de costume estava eu vagando pelas páginas do Fontebrasil e me deparei com um artigo do ilustre amigo Francisco Esperidião que tecia comentários sobre o repasse feito as Escolas de Samba de Boa Vista pelo Paço Municipal. Segundo ele, em dois anos da administração da ex-prefeita Teresa Jucá (95 e 96) não houve carnaval de rua e nem por isso as pessoas foram ao suicídio coletivo.
Beleza de comentário, porém sem fundamento, pois corrobora o pensamento de muitas pessoas que hoje são contra a cultura que se desenvolve, ou se engatinha a passos lentos em Roraima dado a gestores governamentais com esse pensamento.
Vale ressaltar que os recursos para as Escolas de Samba feito pela Prefeitura de Boa Vista foi o mesmo do ano passado, em função justamente da redução do repasse do FPM, fonte maior de recursos da Prefeitura. No mais frise-se que esses valores são garantidos no orçamento municipal, aprovado na Câmara de Vereadores, tudo limpo e às claras.
Da mesma forma como na época de carnaval surgem os pseudo-defensores da boa e reta aplicação dos recursos públicos, com a velha ladainha:”Ah, mas se aplicasse na educação, na saúde, seria melhor!”. Mas esses setores também não tem seus recursos garantidos em lei? Tem sim senhor agora se não são aplicados e os serviços oferecidos não são de primeira, não é culpa das escolas de samba, das quadrilhas, dos grupos folclóricos, que são manifestações da cultura popular de nosso povo, trazidas e/ou criadas e mantidas há séculos na tradição de nossa gente.
Enquanto vivemos uma mudança de mentalidade em nível nacional com a implementação em todo o país do Sistema Nacional de Cultura, que entre outras ações prevê a criação dos Fundos de Desenvolvimento Cultural nos estados, com a garantia em lei de 1,5% do orçamento na área cultura; onde a sociedade civil se aglutina em tono da Segunda Conferência Nacional de Cultural, que acontece em março em Brasília, a cultura de Roraima urge e clama por pessoas que a defenda e apóie.
Há dez anos trabalhando com Escola de samba em Boa Vista sei da luta e das dificuldades com que as mesmas (ou a agremiação que defendo – Império Roraimense) enfrentam para se manterem unidas e fortes, mesmo sem o apoio devido por parte do poder público, que não se resumiria somente a recursos financeiros, mas também a estrutura física adequada (barracões próprios) e apoio. Cada centímetro de tecido, cola, lantejoula, paetê custam caro, e muitos desses materiais vem de fora, e as dezenas de pessoas que trabalham com alegoria, fantasias, prestando serviços são profissionais e precisam ser remunerados. E quem disse que as escolas não se preparam financeiramente para o carnaval. A Império Roraimense mantém desde novembro artistas vindo de Manaus e Parintins trabalhando, e o repasse da Prefeitura e do Governo saíram ou saem quando? Antes de mais nada, um bom articulista quando vai falar de um assunto é bom ter conhecimento de causa, e se não tiver busca falar com quem sabe.

Jacildo Bezerra
Relações Públicas da Escola de Samba Império Roraimense

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