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Brasil ajudará Chávez a
sanar crise energética


Brasil ajudará Chávez a
sanar crise energética


"El Universal"
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Estudantes protestam em Caracas contra cortes de energia e a suspensão de TVs por Chávez

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O governo brasileiro deve enviar, na próxima semana, uma missão técnica de alto nível para tentar minimizar a grave crise energética pela qual atravessa a Venezuela.
A ajuda emergencial foi acertada durante visita anteontem a Caracas do assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, e do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. A comitiva, integrada também por técnicos de alto nível de Furnas, Eletronorte e Itaipu, se reuniu com Alí Rodríguez, ministro da recém-criada pasta de Energia Elétrica.
"Fizemos alguns acordos de princípio", disse Garcia ontem à Folha, por telefone. "Estão sendo estabelecidas algumas medidas de curto prazo, mas queremos asessorá-los depois em medidas de médio e longo prazo, para que eles possam contornar esse problema."
Segundo o assessor de Lula, existe a avaliação de que uma melhor manutenção do sistema elétrico venezuelano já minimizaria o problema. "Em primeiro lugar, potencializar um pouco mais os recursos atuais. Há muita coisa que pode ser resolvida exclusivamente com operações de manutenção, que reduziriam a ameaça de desabastecimento. O sistema está um pouco deteriorado."
A prioridade, disse Garcia, será o envio de técnicos brasileiros de estatais como Furnas e Eletrobrás, para inspecionar a hidrelétrica de Guri, a terceira maior do mundo, cujo reservatório está cada vez mais baixo devido à falta de chuvas.
Os técnicos devem chegar até quarta-feira para "fazer um estudo concreto dos problemas eventuais de Guri e talvez aumentar o prazo de funcionamento da represa sem chuvas em mais 30 ou 40 dias".
O assessor de Lula disse que também foram discutidos os cortes de energia venezuelana exportada para o Estado de Roraima. Na terça-feira, a cidade fronteiriça de Pacaraima chegou a ficar sem luz.
"Se a gente acertar direitinho, podemos não só evitar os cortes a Roraima mas também fazer aquilo que ocorre durante uma parte do ano, a antecipação do desvio de energia de Roraima à Venezuela."
A médio prazo, explicou Garcia, o Brasil também ajudará a Venezuela na instalação de usinas termelétricas -o país tem uma das maiores reservas de gás e petróleo do mundo, mas tem poucas plantas para produzir energia com esses combustíveis.
A Venezuela também enviará uma missão na semana que vem ao Brasil em busca de assistência para a reorganização do novo ministério, sempre de acordo com Garcia.
A Folha procurou Zimmermann, mas a sua assessoria de imprensa informou que ele estava em viagem. A reportagem também solicitou uma entrevista com o ministro Rodríguez, mas não houve resposta.

Racionamento
Desde o final do ano passado, a Venezuela vem adotando medidas de racionamento. Em meados deste mês, o governo Chávez chegou a anunciar um duro plano de cortar energia por quatro horas a cada dois dias em todo o país. A medida foi suspensa em Caracas devido à repercussão negativa.
Ao longo desta semana, manifestações estudantis contra o racionamento energético e a saída do ar do canal RCTV provocaram diversos enfrentamentos com a polícia. Na cidade de Mérida, os protestos deixaram dois estudantes mortos, levando Chávez a suspender o racionamento ali nesta semana e a militarizar a cidade.
Em meio à crise, Chávez também se viu obrigado a fazer uma minirreforma no seu gabinete, após a renúncia do seu vice-presidente e ministro da Defesa, Ramón Carrizález.
Chávez põe na falta de chuvas provocada pelo fenômeno El Niño a culpa pela escassez de energia, mas especialistas acusam o governo de não realizar investimentos no setor, totalmente nacionalizado em 2007.
Garcia disse que conversou com o chanceler Nicolás Maduro sobre a crise, mas se negou a comentá-la. "Isso representaria entrar numa discussão de natureza política. Eu posso me imiscuir nos problemas energéticos para solucioná-los. Sobre os problemas políticos, eu converso, e a conversa fica mais restrita à sala de reuniões."

 

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