- 21 de outubro de 2024
A farra dos presos
O Sistema Penitenciário roraimense está precisando de uma repaginada. E rápido. Não é admissível o que vem ocorrendo ali, de forma sistemática e continuada.
Se forem feitas vinte revistas nos presídios locais, especialmente na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PA), em todas serão encontrados os mesmos objetos perniciosos: drogas, telefones celulares e armas das mais variadas espécies.
Não é necessário dizer que tais petrechos não caem do céu nem brotam da terra e crescem, feito árvores. Na melhor das hipóteses, pode-se dizer que se registra um mínimo de negligência da parte dos funcionários – agentes penitenciários – durante a revista, nos dias de visita.
Por ser prática tão acintosa, porém, cheira mesmo a participação criminosa daqueles que têm o dever profissional de coibir a entrada dos artigos ilícitos. E, diga-se, suspeitos não são só os servidores, mas também os advogados, que precisam ser monitorados.
Afinal, dentro de presídios, principalmente naqueles em que há superlotação – o caso da PA –, tudo pode acontecer. Não é novidade para ninguém que bandidos possam comandar gangues inteiras a partir de suas celas.
É igualmente notório que a distribuição de drogas parte também do interior do presídio. Os internos, no entanto, só podem fazer isso com um celular devidamente carregado nas mãos. E celular e carregador não são agulha que se possa esconder sob o casaco ou no bolso da calça.
Outra coisa, quem já visitou a PA ou a Cadeia Pública deve ter observado o quilate da liberdade concedida aos internos. Se não estiverem devidamente recolhidos à chamada “tranca” em razão de alguma estripulia praticada, passam o dia perambulando pelas dependências internas do presídio.
Ali não falta espaço físico, assim como também não há o que fazer de útil. E é frase recorrente que “mente vazia é oficina do diabo”. Enquanto não se faz nada, maquina-se o mal.
Esse não ter o que fazer permite-lhes arquitetar fugas em massa, como a que ocorreu nesta sexta-feira, quando cinco deles viraram passarinhos e bateram asas. Bom lembrar que a fuga não ocorre com mais freqüência em razão de a Polícia Militar manter no local uma Força Tarefa.
Apesar de os agentes carcerários terem passado por treinamentos específicos ao desempenho da função após a aprovação no concurso público, é sempre bom lembrar que se tratam de seres humanos, passíveis de falhas e, principalmente, de vícios outros.
Há de se estudar propostas como, por exemplo, a troca constante, pelo menos a cada três meses, do corpo de servidores a fim de não permitir a criação de vínculos indesejáveis entre estes e os reeducandos.
Enfim, o histórico de ações criminosas de dentro para fora dos presídios exige que providências sejam tomadas. E urgente. Sob pena de todo o Sistema se esvair ao controle do Estado, feito aguarrás, como já ocorre nos grandes centros.