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EDITORIAL

De comuns e incomuns


De comuns e incomuns

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é useiro e vezeiro em defender correligionários caídos em desgraça. Foi assim com o presidente do PTB, ainda deputado federal Roberto Jefferson, enrolado com a máfia dos Correios, a favor de quem disse que poria a mão no fogo; foi assim com a corja de parlamentares envolvida com o mensalão, entre outros.

No ano passado, enquanto chovia canivete na cabeça do presidente do Senado, o velho caudilho de tantas falcatruas, o presidente contemporizou, afirmando que “Sarney não pode ser tratado como pessoa comum”. Para Lula, as imagens não falam pó si. Os políticos, em geral, não podem ser tratados como pessoas comuns. Como verdadeiros servidores públicos que são.

Esquece-se o presidente que, apesar de políticos, todos são verdadeiros empregados do povo, eleitos para trabalhar pelo município, pelo estado ou pelo país. Esse axioma, entretanto, derrete-se como sorvete sob sol escaldante quando sai do campo das idéias para a prática. Aí são outros quinhentos.

Carros oficiais, verbas públicas para pagar gastos privados, passagens aéreas para levar amigos a passeio em viagens internacionais, e até elevadores privativos, são alguns dos “direitos” açambarcados pelos “nobres” ( assim eles se tratam, parece até que estão numa monarquia) parlamentares.

Com todas essas prerrogativas, é claro que “suas excelências” não são e nem podem ser tratadas como pessoas comuns. Assim, têm todo o direito de se valer do Parlamento como de um feudo particular, o que fazem sem qualquer cerimônia. Afinal, são, como disse o presidente, pessoas que estão acima dos comuns.

É claro que existe também político sério, que trabalha e honra o cargo que ocupa. É uma minoria, mas existe. A grande maioria, no entanto, engrossa o pelotão dos oportunistas. São aqueles que se valem do fisiologismo desvairado.

A minoria, que prima pelo exercício da ética em meio à total dissolução, é formada pelos parlamentares que menos usufruem das benesses. São os que mais se comportam como gente comum. E, com o seu agir comum, incomodam sobremaneira os incomuns.

Identificá-los, aliás, é tarefa fácil. Basta ver como o povo os trata. Como fala deles, os lugares que frequentam, o que pregam no dia-a-dia. Enfim, trata-se do lídimo exercício de separar o joio do trigo. O comum do incomum.

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