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EDITORIAL

Ao que parece, essa lição de Maquiavel ainda não foi bem absorvida pelo governador José de Anchieta.


Maquiavel precisa ser ouvido

\"\"Política e coração são incompatíveis, já ensinava o italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527). Ao que parece, essa lição ainda não foi bem absorvida pelo governador José de Anchieta.

Após ser legitimado no cargo por unanimidade pelos ministros do Tribunal Siperior Eleitoral (TSE), era ideia recorrente que mudanças substanciais seriam feitas na máquina administrativa, a fim de azeitá-la e fazê-la funcionar com a sincronia de um relógio suíço.

Entretanto, não foi isso o que ocorreu. Pelo menos até agora. A palavra – ou termo – “mudança" foi trocada por outra – ou outro – menos enfática: "acomodação". Esta última abre espaço para que o coração ganhe a "parada".     

A secretaria de Educação é um exemplo. Maior reduto anti-Anchieta durante o período pré-julgamento, só teve a cabeça alterada, tipo pescoço de rosca. O corpo permanece o mesmo.

A troca na Educação se deu porque o então secretário Altyvir Lopes não escondia de ninguém o compromisso maior com o seu partido, o PR, em detrimento dos interesses da Secretaria, que assumira por indicação. Compromisso com o governador, então, nem se fala.  

Lá, foram instalados chefes de departamentos que não viam a hora de o governador ser cassado, gente que chegou a cantar no dia do veredito em Brasília "Vá com Deus", sucesso brega da cantora Roberta Miranda.

Sabe-se que políticos de outros partidos têm seus apadrinhados instalados em cargos importantes da pasta. Sabe-se também que a maioria deles não tem preparo e competência para responder pelo que respondem. Estão lá por força do Q.I., "quem indica".

O resultado não poderia ser outro que não a avalanche de denúncias que leva a pasta de roldão. Denúncias de professores desviados de função, problemas na merenda escolar, alunos sem aula por falta de professores, pagamento irregular de diárias, superfaturamento e vícios em licitações, e por vai.

Sem as mudanças devidas e com apadrinhados políticos despreparados para funções técnicas, não poderia dar em outra coisa. As queixas e fracassos se avolumam e se trasformam em continuadas e escadalosas matérias de jornais. Tudo acontecendo em ano de eleição.

Enquanto isso, eis o resumo da ópera: o comprometimento de quem é empregado é com quem o emprega. É frase corrente dos afilhados: "Não me preocupo, não. Meu padrinho é forte e segura a minha onda". Até quando?

Até, talvez, quando o governador entender um dos mais singelos ensinamentos de Maquiavel: é melhor um príncipe ser temido do que amado, mostrando que “as amizades feitas quando se está bem, não duram quando se faz necessário”. Ou seja: a regra é manter distância dos bajuladores e controlar os secretários.

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