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O ano em que a política se rendeu ao Twitter


O ano em que a política se rendeu ao Twitter


  • Twiteiros de plantão, a deputada federal Manuela D’ávila (PCdoB-RS) e os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fazem parte de um time de políticos que aderiram em 2009 à nova febre na internet: o Twitter. O serviço de microblogs gratuitos aproximou eleitos de eleitores, anunciou decisões partidárias, humanizou políticos e promete ainda mais para o próximo ano.

    “A ideia é que se repita um pouco do fenômeno que aconteceu em 2008 nas eleições de Barack Obama, e a internet seja usada não só para informar e trocar opiniões mas para financiar algumas campanhas. O número de políticos que vão aderir à rede deve crescer muito”, afirma David Fleischer, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB). Para Fleischer, a ferramenta aperfeiçoou o relacionamento e deu mais imediatismo às respostas. “Antigamente, os políticos recebiam muitas cartas, e os inteligentes respondiam. Ou melhor, designavam assessores para isso. Agora, políticos estão contratando gente especializada em internet para lidar com o Twitter e outras redes sociais. Só mudou a ferramenta. O estilo, a técnica e a metodologia é a mesma. Uma verdadeira mina de ouro”, completa Fleischer.

    O deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP) confirma a tese e antecipa, no Twitter, seu projeto para o próximo ano. “Em 2010, quero consolidar e fortalecer os relacionamentos virtuais, pois sei q fazem parte da nova dinâmica democrática A internet traz hj um panorama de mudanças complexas, a inf hj é livre e acessível e posso me relacionar com vcs, ouvir opiniões e críticas”, disse em mensagem postada no microblog, reproduzida aqui literalmente. Além de divulgar ações do mandato, a ferramenta é usada por políticos como espaço de opinião. Durante esta semana, diversos parlamentares comentaram, por exemplo, a versão traduzida de uma reportagem do jornal francês Le Monde sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além das últimas votações do Congresso.

    Mas Fleischer alerta para as “pegadinhas” que a velocidade da internet pode provocar. Ele cita, por exemplo, a do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que anunciou no Twitter que iria deixar a liderança do PT no Senado em retaliação à manutenção do peemedebista José Sarney (AP) na presidência da Casa. “Eu subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável”, escreveu o senador. Mercadante chegou a anunciar o horário do seu pronunciamento no Twitter e depois voltou atrás. “Tem que tomar muito cuidado com o que será publicado”, diz o professor Fleischer.


    Imagem fabricada

    Líder da bancada do DEM na Câmara, o deputado federal Ronaldo Caiado (GO) “twitou” que o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, seria expulso do partido antes mesmo de tal disposição ser anunciada formalmente. “O Democratas só tem a crescer com a saída de Arruda”, escreveu. Investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suposto recebimento de propina e acusado de distribuir mesada a deputados distritais aliados, o governador se desfiliou a fim de evitar tal constrangimento.

    Pré-candidato à Presidência da República, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), adotou uma postura mais informal no microblog e já conquistou uma legião de seguidores. Conhecido por passar as madrugadas trabalhando, ele agora posta às altas horas. No feriado, publicou lembranças da infância: “Natal comemorado no almoço do dia 25. Na véspera, meu pai dormia cedo, pois trabalhava até no dia 25, das 8 às 13h”. Serra também deu detalhes da festa: “Noite de Natal com a família. A minha é pequena: mulher, 2 filhos, 3 netos. Sou filho único, meus pais se foram, mas as tias compensam”.

    O tucano garantiu ainda álbuns de fotos e um poema de Vinícius de Moraes. Nos últimos dias do ano, o gosto musical do deputado José Eduardo Cardozo ficou explicitado no Twitter, como a indicação de filmes do senador Delcídio Amaral (PT-MS). Segundo David Fleischer, o microblog é fundamental na construção da imagem. “Mostra que o político não é intocável. É gente como a gente. Tem suas opiniões e isso é positivo.” O problema, alerta o cientista político, é o artificialismo. “Ele quer se tornar mais simpático e se tornar um produto fabricado”. (AR)



    Linha direta

    Exemplos de mensagens postadas ontem no microblog por políticos

    twitter.com/Reprodução da Intern
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