- 16 de julho de 2025
O império das trevas
O fantasma envolto sob o manto da “competência questionável”, e que, mesmo assim, assombrava o povo roraimense, já tem data para se materializar: será o dia 10 de janeiro de 2010. Atende pelo indigesto nome de racionamento de energia elétrica, imposto pelo governo de Hugo Chávez.
Havia muito tempo este Fontebrasil alertava para essa fatídica encruzilhada. Quem viveu em Roraima nas décadas de 1980-90, ou antes, conhece o dissabor que é experimentar constantes e demorados apagões. Sabe o que é ter de suportar racionamentos de até 12 horas seguidas. Lembra o que é dormir sem ar-condicionado sob escaldante calor de 35 graus.
A capacidade de geração de energia elétrica do complexo de Macágua (Guri) está chegando ao limite, graças à insistente estiagem que grassa aquela região.
Faz algum tempo que os venezuelanos experimentam racionamentos. Seria ingenuidade acreditar que o País vizinho pudesse manter o combinado - acordo internacional - mesmo diante de situação tão crítica. Não é segredo que a geração não supre sequer a demanda interna.
O remédio para sanar de vez o problema transcende a competência do Governo estadual, indo esbarrar na esfera federal. A saída está afeta ao Ministério de Minas e Energia e, como tudo nessa área, depende de cacife político. Eis o momento de os parlamentares roraimenses entrarem em cena.
A hora é de união absoluta. É a vez de se esquecer querelas menores e unir forças para conquistar uma decisão que seja palpável e inequívoca. E no curto prazo, o que complica ainda mais o meio-de-campo. Há saídas que implicam em tempo, muito tempo para se concretizar. A construção de uma hidrelétrica, por exemplo.
Mais rápida, porém, e também razoavelmente segura é a interligação do estado ao Sistema Elétrico Nacional via Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. O tempo a ser gasto na construção do linhão será, sem dúvida, bem menor que o empregado na construção de uma hidrelétrica.
A verdade é que, tanto a interligação do Sistema Elétrico Nacional como a construção de uma usina em terras roraimenses, aproveitando o potencial hídrico local, nada se fará sem que se despenda a força da argumentação, isso, da parte da bancada federal.
Eis a hora do conjunto de representantes eleitos por este povo ordeiro, independente de coloração partidária, agir em uníssono, falar a mesma linguagem, atuar em bloco nos gabinetes do Planalto. Só assim Roraima poderá vislumbrar um futuro luminoso. Fora disso, restará ao estado transformar-se no desdito império das trevas.