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Alcoolismo na aldeia

Lideranças estão debatendo planos de atividades a serem desenvolvidas em 2010.


Mulheres indígenas lutam contra alcoolismo e violência

Lideranças estão debatendo planos de atividades a serem desenvolvidas em 2010, mas a violência contra as mulheres e o alcoolismo dentro das comunidades ganharam destaque nas discussões

A Secretaria-Geral do Movimento das Mulheres Indígenas, da Coordenação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), está promovendo a segunda reunião com as lideranças das mulheres indígenas. São dois dias de encontro na Casa de Cura, na BR-174, que encerra hoje à tarde.

Embora as lideranças estejam debatendo planos de atividades a serem desenvolvidas em 2010, a violência contra as mulheres e o alcoolismo dentro das comunidades foram os pontos que ganharam destaque nas discussões. As mulheres são unânimes em afirmar que esses dois são os principais problemas que elas enfrentam em suas aldeias.

“Os maridos bêbados acabam batendo nas mulheres, nos jovens, nos filhos e nos pais. Então estamos procurando uma saída para isso, discutindo como trabalhar para amenizar esse problema”, disse a secretária-geral do CIR, Marizete de Souza.

As mulheres fizeram diversos relatos de agressões de marido a esposas, estupro de jovens, gravidez de adolescentes e mulheres grávidas cujos parceiros não querem assumir o relacionamento nem mesmo a paternidade.

Marizete disse que os próprios parentes saem de suas comunidades para comprar a bebida em comércios fora das terras indígenas. Mas também há comércio dentro das comunidades que passou a vender cachaça depois que foi amenizada a fiscalização da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança na região de Surumu, entrada principal da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

A saída, segundo Marizete, é iniciar um trabalho dentro das próprias comunidades com a finalidade de fiscalizar a venda de bebidas alcoólicas e pedir a retirada de comerciantes que insistem em desafiar a proibição de venda de cachaça nas aldeias.

VIOLÊNCIA – O alcoolismo nas áreas indígenas é um dos motivos da violência praticada por índios contra suas mulheres, filhos, pais e entre parentes da própria comunidade. Mas quem sofre com mais força esse problema são as esposas, que na maioria das vezes têm medo de denunciar ou nem sabem como fazer essa denúncia.

Na reunião de domingo, as lideranças discutiram muito sobre esse assunto, inclusive foram orientadas sobre a Lei Maria da Penha, que pune severamente os que praticam violência doméstica.

Representantes do Ministério da Saúde e da sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, estão participando do evento. Estão no encontro representantes do Departamento de Educação, Coordenação de Jovens e Coordenação das Mulheres Indígenas. Todas prometerem apoio para esta luta das mulheres indígenas roraimenses.

Autonomia e geração de renda também preocupam lideranças
O primeiro dia de reunião, no domingo, serviu para as mulheres indígenas avaliarem seus trabalhos desenvolvidos em 2009 e fazerem planejamentos de atividades para 2010. Várias propostas foram discutidas e apresentadas.

A secretária-geral do CIR, Marizete de Souza, disse que uma das propostas apresentadas foi a realização de uma Feira Estadual que possa reunir tudo o que é produzidos pelas mulheres em suas comunidades.

Essa feira serviria não só como ponto de venda e de divulgação dos trabalhos, mas principalmente de troca de experiências entre as mulheres de todas as regiões indígenas, como também o primeiro passo para muitas delas passarem a ser empreendedoras de suas próprias produções.

Ainda não há uma data para realizar essa feira, mas as mulheres apontaram a Assembleia Geral dos Povos Indígenas, a ser realizada de 15 a 20 de abril, na Comunidade de Maturuca, como um momento importante para realizar uma grande feira.

Nesse evento, as mulheres pretendem se organizar para montar a feira com tudo aquilo que é produzido nas comunidades. Como a organização da festa pretende reunir 15 mil convidados, seria a oportunidade para que as mulheres possam mostrar que elas também produzem e podem gerar renda para suas famílias.

COMUNICAÇÃO – As lideranças também sentem a necessidade de melhorar a comunicação entre elas e em suas regiões onde moram. A proposta é criar um informativo específico das mulheres, em que todas possam trocar informações e comunicar às comunidades que o Movimento das Mulheres Indígenas está realizando.

Esse é o mesmo desafio que o Conselho Indígena de Roraima (CIR) tem discutido em suas reuniões. A saída pode ser a internet. Várias comunidades indígenas já dispõem de internet, o que indica a possibilidade de as entidades se comunicarem com as comunidades e suas lideranças por meio da rede mundial de computadores.

A sugestão é que em cada comunidade onde há um ponto de internet, uma pessoa ficaria responsável por receber as informações on-line e depois repassar os informes para as demais regiões vizinhas.

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