ARTIGO

Jesus, apague nossa luz!

Por V.Neto

No mês passado o Brasil ficou perplexo com o apagão sofrido pelos 18 Estados. Besteira! Sorte a deles.

Várias foram as tentativas frustradas para tentar explicar o motivo do ocorrido. Alguns ficaram distraídos com as alegações de ataques hackers, pane no sistema de transmissão elétrica da usina, e até mesmo com a afirmação de que a causa do defeito em Itaipu foi uma mirabolante jogada de uma grandiosa emissora de TV para beneficiar-se com dados manipulados pelo IBOPE.

Senhores, perderam tempo! Deveriam ter aproveitado melhor esse glorioso lapso temporal negro que vos foi dado, afinal nunca na história desse país vocês tiveram a possibilidade de imaginar, por tão pouco tempo que seja, de que vivem num lugar menos cínico, menos corrupto, e todas aquelas baboseiras de um país melhor.

Acredito que o apagão nada mais foi que um belíssimo peru de natal que não foi devidamente degustado, apreciado, saboreado à luz de velas.

Quem dera Senhor se nossa terrinha Macunaíma fosse presenteada com tamanha sagrada refeição. Imaginemos a possibilidade de não poder enxergar o rombo de mais de R$ 1.600.000,00 causado pelas maracutaias de um de nossos secretários insolentes. Imaginemos uma majestosa escuridão diante à ameaça do Sinterr de um novo protesto. Imaginemos senhores, suspender a energia e apagar a luz que impulsiona os “chiliques” de nossa deputada emperiquitada. Imaginemos não ver os importantíssimos projetos de nossos vereadores obrigando os donos de bares e restaurantes a inserirem nos cardápios a expressão “Álcool e direção não combinam. Vá de táxi!”. Imaginemos, ainda, ficarmos cegos diante das intermináveis atitudes deboxosas e infelizes de nossas criaturas “Lopeiras”.

A luz está nos mostrando a verdade, e está claro que não a queremos. Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político deste Estado, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil.

Tempos atrás tivemos um grande momento repleto de luz e de verdade, corrupta, grotesca, mas, ainda assim, maravilhosa. Foi quando uma das pragas do Egito abriu a cortina do nosso Estado decadente, nos revelando o intestino grosso de nossa política. Esperneamos, gritamos. Ficamos indignados. Resultado? Tempo depois, certamente por falta de Baygon, recolocamos o inseto no poder.

A verdade sempre esteve nua, crua e iluminada à nossa frente. Todavia, é a mentira que vem nos excitando, nos consumindo, e com isso estamos ficando mais cínicos, mais egoístas, mais burros, menos roraimenses.

É diante de todas essas verdades desonestas e iluminadas que peço desesperadamente: Desliguem a iluminação deste espetáculo medíocre. Permitam-nos a possibilidade de imaginar que nossa terrinha é maravilhosa, que não somos desvalidos. Jesus, apague nossa luz!

Confraternização 2009 dos Amigos do Fonte
Dia 8, Lago Sul - Brasília

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